domingo, 8 de abril de 2012

As questões do arcebispo de Braga D. Jorge Ortiga

Uma das coisas que mais me agrada ver na religião é a futilidade mascarada de preocupação social das intervenções de muitos dos seus aderentes. O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, não foge à regra.
Numa notícia de 7 de abril de 2012 o arcebispo levantou várias questões a Jesus Cristo. Desconhece-se se o seu amigo imaginário já respondeu às questões mas não creio que isso seja o mais importante. Na realidade não acredito mesmo que o arcebispo esteja à espera que o seu amigo imaginário se materialize e responda às questões.
As interrogações do arcebispo foram levantadas num discurso sobre corrupção, família, direitos humanos e todo um outro tipo de assuntos nos quais a Igreja não percebe nada ou não tem conhecimento ou autoridade moral para falar.
Duas questões chamaram a minha atenção:

“Onde estavas tu quando aqueles gestores roubaram milhões ao Estado?”
“Onde é que tu estavas quando aquelas 60 mil crianças foram assassinadas no nosso país, nos últimos anos, mediante o método do aborto?”
Isto mais parece a velha pergunta:
“Onde estava tu no 25 de Abril?”
Sobre estas questões tenho alguns comentários, pouco pertinentes, como é costume, a fazer.
Em primeiro lugar são uma inutilidade completa. Efetivamente não são questões importantes a levantar nem a sua resposta é relevante. Perguntar onde anda um amigo imaginário quando uma pessoa real cometeu um crime como roubar dinheiro ao estado é no mínimo perda de tempo. E mesmo que esse amigo imaginário conseguisse responder de que serviria?
Imaginem que agora levanto as questões: “E tu, coelhinho da Páscoa, onde estavas tu, quando o Sócrates foi reeleito?”. Alguêm daria atenção a um discurso destes? Alguêm daria credibilidade a um orador que levantasse este tipo de questões?
Questões relevantes a levantar seriam: como poderemos garantir que gestores não roubem impunemente o estado? Como foi possível que estes gestores roubassem sem ser detetados? Este tipo de questões é realmente interessante porque nos ajuda a compreender e a propor soluções para o problema. E Cristo, assim como o arcebispo de Braga, não é minimamente necessário para se levantar estas questões, para se proporem soluções e se aplicarem as mesmas.
Em segundo lugar pela falsa moral que acarreta. No fundo o arcebispo quer passar a mensagem que se preocupa e que os males são provocados pela falta de religião. O aborto, o roubo do estado, o divórcio, etc… A mensagem é simples: o mundo está a perder-se sem a liderança moral da Igreja católica. Curiosamente as questões levantadas anteriormente continuam a ser uma inutilidade.
Mas o arcebispo também poderia levantar outras questões como por exemplo: “onde estavas quando milhões de judeos foram mortos em teu nome ao longo dos séculos pelos cristãos?”, “onde estavas quando centenas de milhares de crianças foram violadas pelos teus servidores e protegidos pela tua autoridade máxima na terra?”, “onde estavas quando o pais mais católico de oda a África comete o pior genocídio pós segunda guerra mundial?”, “onde estavas quando o teu Papa faz afirmações sobre o preservativo que provocam sofrimento e morte a centenas de milhares de pessoas todos os anos?”, “onde estavas quando a tua igreja apoiou todos os regimes de extrema direita do século XX?”, “onde estavas quando centenas de milhares de homossexuais em áfrica são presos, torturados, violados e assassinados em teu nome todos os anos?”, “onde te encontras quando centenas de predadores sexuais em África violam a exploram sexualmente as freiras impunemente e com a protecção da tua Igreja?”, “onde estavas quando a tua igreja roubou crianças a mulheres australianas pobres?”, “onde estavas com as centenas de milhares de crianças mortas por padres e freiras ao longo dos séculos porque a ua autoridade máxima não lhes permitiu ter filhos?”.
Infelizmente posso levantar uma série de questões que basicamente mostram como a ICAR não é mais que uma aberração moral. Uma aberração que não tem o mínimo de moral para vir falar dos problemas que afetam o mundo de hoje. Não tem autoridade moral nem competência para tal.
Já agora p arcebispo que pergunte a Cristo onde este se encontrava quando Portugal assinou a concordata que permite à ICAR fugir com milhões todos os anos em impostos.

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