sábado, 2 de julho de 2011

Mandamentos de deus e moral I

Muitas vezes em discussões sobre moral, com cristãos, se ouve falar dos 10 mandamentos. As regras morais são objectivas e definidas por Deus. Esses mandamentos são correctos e uma base a partir da qual qualquer cristão deverá sustentar a sua moralidade.

São feitas críticas às noções de moral dos ateus, que não são objectivas nem intemporais. A sua variância cultural, a sua mutabilidade surge como uma ofensa às crenças cristâs numa moralidade divina.

Seria útil, desde já, ficarmos a conhecer os 10 mandamentos de forma a pudermos ajuizar alguma coisa sobre os mesmos. O que se propõe de seguida, é uma análise, aos 10 mandamentos e uma comparação com a moral (ou falta desta!) nos nossos dias.



Sumariamente os 10 mandamentos, tal como definidos pela Igraja Católica (ICAR) são:

1o. Amar a Deus sobre todas as coisas.
2o. Não jurar seu santo nome em vão.
3o. Guardar domingos e festas.
4o. Honrar pai e mãe.
5o. Não matar.
6o. Não pecar contra a castidade.
7o. Não furtar.
8o. Não levantar falso testemunho.
9o. Não desejar a mulher do próximo.
10o. Não cobiçar as coisas alheias

Obviamente que os 10 mandamentos da Igreja Católica não são os mesmos de outras confissões cristâs. E quando os comparamos com o antigo testamento então a diferença fica ainda maior. Só o facto da Igreja Católica ter alterado as próprias leis de Deus deveria indicar-nos algo acerca da validade objectiva das mesmas.

Se para o Deus do Antigo Testamento o Sábado era o dia de descanso, para a ICAR é o domingo. E isto é o mínimo comparado com uma análise mais detalhado dos supostos 10 mandamentos… que na realidade são umas largas dezenas.

Os primeiros mandamentos de Deus, tal como definidos no Antigo Testamento, dizem respeito unicamente a ele:
Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.

Deste primeiro conjunto qual é o cristão que concorda com ele? As Igrejas estão repletas de imagens e estátuas. E qual o bom cristão que não tem em casa alguma estátua (cruz de Cristo, por exemplo) ou um quadro?

Mais preocupante é o facto, destes mandamentos serem obrigatórios seguir à risca sob pena de morte. Quem no seu perfeito juízo defenderia a pena de morte contra uma pessoa por ter usado o nome de Deus em vão? Ou por esculpir uma imagem? Seguir os mandamentos de Deus significava acabar com todos os cristãos pois todos eles já violaram algum dos mandamentos referidos acima.

Não conheço nenhum cristão, que não seja claramente fundamentalista, que aceite viver sob regras que atentam contra a nossa liberdade religiosa, coisa que não existia no Antigo Testamento e que não é tolerada por Deus. Mas é uma das pedras basilares de qualquer democracia.

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