Mandamentos de deus e moral II

Depois refere outro conjunto:

Lembra-te do dia do sábado, para o santificar… Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou.

Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá

Não matarás.

Não adulterarás.

Não furtarás.

Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.

O primeiro mandamento desta lista diz respeito a santificar-se um dia da semana. Deus explicitamente refere o Sábado. Mas para os cristãos de hoje em dia esse Deus não deve saber muito do que fala já que decidiram passar para domingo. De qualquer forma este mandamento é uma inutilidade moral.

O mandamento de honrar o pai e a mãe é sem dúvida algo muito bonito. Sob este mandamento Deus ainda estipulou outros como:

O que ferir a seu pai, ou a sua mãe, certamente será morto.

E quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente será morto.

Estes 2 mandamentos, que, regra geral, são esquecidos, dão-nos uma ideia de como pode ser demente, para Deus, o respeito pelos pais. Não só é completamente ignóbil matar-se uma criança porque amaldiçoou um pai como é uma inutilidade moral, pelo menos em termos de valores sociais, uma criança amaldiçoar um pai/mãe num momento de birra. Não vejo como tal possa ser uma preocupação moral presente nos nossos dias. E muito menos uma das pedras basilares da moral actual, uma vez que as birras das crianças são perfeitamente toleradas e a sociedade actual se foca mais no desenvolvimento do direito dessas mesmas crianças.

Por outro lado estes mandamentos são também extremamente infantis. Efectivamente um filho pode ferir um pai na medida que precisa salvar outro irmão ou a sua mãe dos maus tratos que o pai lhes inflinge. Mas por isso, sem dúvida que deveria ser morto. Os cristãos defendem os “10 mandamentos” porque nunca se deram ao trabalho de realmente entender a sua estupidez.

De seguida temos alguns mandamentos que, em princípio, gerariam menos dilemas como não roubar, não mentir, não matar ou não adulterar. Lendo somente estes mandamentos qualquer pessoa de bom coração se vê obrigada a concordar com eles. No entanto também é preciso entender o contexto em que foram escritos.

Peguemos no mandamento de não matar. Como o filófoso judeo Maimónides, do séc. XII, refere: «se alguêm mata um israelita que seja, infringe um mandamento negativo, porque as escrituras dizem “não matarás”. Aquele que matar premeditadamente na presença de testemunhas, há-de morrer pela espada. Escusado será dizer que não se é condenado à morte por matar um pagão. »

O mandamento de não matar era somente aplicado a judeos que obedecessem aos mandamentos de Deus. Na realidade como o leitor já percebeu uma das penas aplicada pela violação de alguns mandamentos era a morte. Deus é muito explícito relativamente a isto:

O que ferir a seu pai, ou a sua mãe, certamente será morto.

E quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente será morto.

Quem ferir alguém, de modo que este morra, certamente será morto.

E quem raptar um homem, e o vender, ou for achado na sua mão, certamente será morto.

Mas se o boi dantes era escorneador, e o seu dono foi conhecedor disso, e não o guardou, matando homem ou mulher, o boi será apedrejado, e também o seu dono morrerá.

A feiticeira não deixarás viver.

Todo aquele que se deitar com animal, certamente morrerá.

O que sacrificar aos deuses, e não só ao SENHOR, será morto.

O Deus do Antigo testamento era um fanático pela aplicação da pena de morte. Será realmente moralmente correcto matar-se uma pessoa porque teve sexo com ovelhas ou porque gosta de fazer feitiços? Será que matar um filho por amaldiçoar os pais é sinal da existência de uma moral cristâ que seja objectiva e séria? E como consideramos nós, hoje em dia, a pena de morte?

É uma incoerência acusar de intolerância e violação de direitos humanos regimes asiáticos que condenam à morte

Finalmente temos um dos últimos mandamentos que nos interessa analisar:

Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo

que é dividido em dois pela Igreja Católica:

9o. Não desejar a mulher do próximo.

10o. Não cobiçar as coisas alheias

Em primeiro lugar chamar a atenção para o facto que a mulher é colocada na categoria de mercadoria do homem, da mesma forma que os seus escravos ou os seus animais. Isto deveria chamar a atenção para muitas mulheres cristâs, mas passa completamente despercebido.

Uma vez que a mulher era vista como propriedade do homem compreende-se que Deus nunca tenha falado sobre emancipação feminina, direito à educação, liberdade sexual ou divórcio. Estes são direitos que para nós são fundamentais e deveriam chamar a nossa atenção para a idiotice moral que são os mandamentos divinos de povos tecnológica, cientifica e moralmente atrasados.

Infelizmente este não era o único mandamento onde a mulhere se encontra claramente desprezada por Deus, uma vez que este ainda lançou mais um mandamento:

E se um homem vender sua filha para ser serva, ela não sairá como saem os servos.

Ou seja, um pai não pode ser ofendido pelos filhos, mas pode vender uma filha como escrava. Qual o cristão que actualmente considera seriamente a venda de filhas como escravas como algo moralmente legitimo? Este acto não só nunca foi condenado por Deus como inclusivamente foi regulamentado. Como base da moral cristâ é realmente excepcional!

Em nenhum momento Deus condena a violação. Em nenhum momento Deus trata a mulher como um ser humano de direito próprio. Mas tudo isto são valores defendidos pelas democracias actuais. Como podem então os cristãos afirmar que os mandamentos de Deus são uma fonte de moralidade? E quais as cristâs que consideram os seus direitos como algo moralmente ofensivo ou desprovido de validade?

Na realidade Deus parecia mais preocupado em criar mandamentos sobre venda de escravos, tratamento dos escravos, compensações por ataques de animais de campo, como bois, ou outras aberrações completamente inúteis nos dias de hoje. Entre estas aberrações inúteis encontram-se mais alguns mandamentos como os que se seguem:

Um altar de terra me farás, e sobre ele sacrificarás os teus holocaustos, e as tuas ofertas pacíficas, as tuas ovelhas, e as tuas vacas; em todo o lugar, onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei a ti e te abençoarei.

Se alguém ferir a seu servo, ou a sua serva, com pau, e morrer debaixo da sua mão, certamente será castigado;

Porém se sobreviver por um ou dois dias, não será castigado, porque é dinheiro seu.

Se alguém abrir uma cova, ou se alguém cavar uma cova, e não a cobrir, e nela cair um boi ou um jumento,

O dono da cova o pagará; pagará em dinheiro ao seu dono, mas o animal morto será seu.

Não se fala na protecção das mulheres, nos direitos das crianças, em direitos humanos universais mas sim em formas de compensar o dono de um boi caso este fique aleijado por cair numa cova! Isto é um retrato fidedigno da moralidade cristâ! Um exercício de desgaste ao bom senso. Um ataque a qualquer tipo de raciocínio lógico sobre moral ou ética.