quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Jesus, São Paulo e as origens do cristianismo II

Historicamente sabe-se que aquilo que é entendido hoje em dia como cristianismo nada tem a ver com as ideias do fundador da seita judaica Jesus Cristo. Nunca passaria pela cabeça de Cristo aceitar cães e porcos no seu rebanho de judeos.

Mas se Paulo universalizou o Cristianismo e fundou uma nova religião com fortes bases anti-semitas (ao contrário da seita judaica iniciada por Jesus Cristo e os seus apóstolos) ele também tinha ideias muito diferentes das de Jesus. E, no final, foram as ideias do fundador do Cristianismo que vingaram… ou seja de São Paulo.

Cristo defendia um tratamento mais igualitário das mulheres (continuamos a falar somente no seio do judaísmo) e, muitas vezes em defesa da pureza interior em vez dos preceitos judaicos. Em Mateus ele afirma:
“Não é aquilo que entra pela boca que torna o homem impuro; o que sai da boca é que torna o homem impuro.”

Isto não significa que Jesus fosse contra a lei judaica. Cristo defendia a lei judaica e inclusivamente os primeiros cristãos eram circuncidados como referido acima. Mas Cristo defendia uma procura interior no ser humano assim como um tratamento mais igualitário relativamente às mulheres. Ele procurava dar um novo dinamismo ao judaísmo.

São Paulo, por seu lado, tinha muito a dizer acerca das mulheres. Para Paulo as mulheres tinham um lugar especial, como seres inferiores e subservientes.
Na Carta aos Efésios encontra-se escrito: “as mulheres sejam submissas aos seus maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da Igreja – Ele, o salvador do Corpo. Ora. Da mesma forma que a Igreja se submete a Cristo, assim as mulheres se submetem aos maridos em tudo.”
Na 1ª carta aos coríntios Paulo afirma: “Como acontece em todas as assembleias de santos, as mulheres estejam caladas nas assembleias, pois não lhes é permitido tomar a palavra e, como diz também a Lei, devem ser submissas. Se quiserem saber alguma coisa, perguntem em casa aos maridos, porque não é conveniente para uma mulher falar na assembleia.”
Finalmente, na 1ª carta a Timóteo Paulo refere: “A mulher receba a instrução em silêncio, com toda a submissão. Não permito à mulher que ensine, nem que exerça domínio sobre o homem, mas que se mantenha em silêncio….”

Como dito no livro negro do cristianismo: “se os primeiros apóstolos se tivessem comportado desta forma, para as mulheres teria sido verdadeiramente difícil avisá-los da ressurreição de Cristo.”

Parte do novo dinamismo politico-social em que Cristo acreditava encontrava-se a crença na vinda do “Reino de Deus” onde as classes sociais desapareceriam. A vida em comum dos apóstolos era definida de acordo com estas crenças. Por exemplo nos Actos dos Apóstolos está escrito:
“Todos os crentes viviam em unidos e possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro entre todos, de acordo com as necessidades de cada um.”

Cristo exaltava os pobres e atacava pessoas de alta sociedade que seriam “intocáveis”. O seu discurso era dirigido para todos independente da condição social e visava o tratamento igualitário para todos os seus membros. Eles partilhavam tudo.

No entanto estas ideias de Cristo nada tinham a ver com o que saía dos ensinamentos de Paulo onde, em diferentes cartas, se opõe claramente a este pontos de vista.
Na 1ª carta aos coríntios refere: “Permaneça cada um na condição em que se encontrava.”
Enquanto que na Carta aos efésios se encontra bem explícito: “escravos, obedecei aos senhores terrenos com o maior respeito, servi de boa vontade, como se servisses ao Senhor e não a homens.”

Isto nada tem a ver com o movimento igualitário judaico iniciado por Cristo e os seus apóstolos.
E a crença na vinda do “Reino de Deus” nunca era vista como sendo uma metáfora mas sim como algo real. E Cristo expressou esta crença diversas vezes, em que numa delas refere claramente aos seus ouvintes que o “Reino de Deus” ainda chegará no seu tempo de vinda.
Foi o falhanço completo desta previsão que levou a que a vinda do “Reino de Deus” se tornasse uma metáfora.
Como referido na obra, O Livro Negro do Cristianismo:
“O termo “Reino de Deus” não era uma metáfora: Jesus e outros pregadores pensavam deveras que Deus, ou um enviado dele, desceria à Terra e criaria um novo ordenamento político-social, invertendo o que nós hoje chamamos “relações de classe” (“Muitos dos primeiros serão os últimos, e muitos dos últimos serão os primeiros”.)”

Como Arias refere, e bem, São Paulo transformou em Teologia a doutrina do “Reino do Céu”.

A grande ironia dos católicos é terem um deus que nunca se afirmou como tal (a divindade de Cristo é imposta pela Igreja Católica) que nunca desejou sê-lo (Jesus pregava unicamente para judeos) mas também por santificarem um epiléptico neurótico cujos ideais eram totalmente opostos aos de Cristo e que eventualmente acabou por ser o verdadeiro fundador do Cristianismo.

O Cristianismo acabou por ser fundado com base nos ideais discriminatórios e machista de um epiléptico que viveu com a frustração de nunca ter sido um apóstolo e de saber que nunca poderia ter sido um apóstolo devido à sua ascendência não-judaica aliado ao facto que nunca recebeu o dom das línguas nem a bênção do espírito santo. Jesus a ter existido, foi só mais um homem, com o azar de ter maus seguidores.

As ideias futuramente seguidas pela Igreja Católica enquadram-se todas na visão de São Paulo. Juntou cães e porcos, na linguagem do seu querido fundador imaginário, ostracizou a mulher (contra os ideais de Cristo) e apoiou a escravatura assim como as relações de classe vigentes.
Mesmo não levando em linha de conta o aspecto importante da discriminação religiosa imposta por Jesus Cristo, outros autores católicos, na esteira de São Paulo manipularam sistematicamente os ensinamentos “cristãos” e criaram novas crenças.

Se Jesus defendia que o reino dos céus pertence ás crianças, um depravado egocêntrico chamado Agostinho inventa a ideia estúpida de que as crianças não baptizadas não entravam no céu. Graças a este tipo de terrorismo psicológico, milhares de famílias sofreram por não ver os seus filhos mortos, receberem um funeral cristão. Uma destas crianças era a irmã de João Paulo II, que quando Papa acabou de vez com esta ideia ridícula. Quando o sofrimento nos cabe a nós o melhor mesmo é mudar a teologia.
Se Cristo defendia a igualdade de direitos agostinho questionava se a mulher teria alma. A Igreja seguiu Paulo e subjugou a mulher: perseguiu e matou todas as seitas cristâs que davam poder às mulheres, obrigou a mulher usar véu durante as missas como sinal de submissão, e proibiu o sacerdócio. Em pelno final do século XX, o cardeal Ratzinger ainda excomungava padres por ordenarem mulheres.

Cristo morreu há muito, esquecido com os poucos judeos que o seguiram. São Paulo vive alegre em todos os corações cristãos.

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