sábado, 7 de fevereiro de 2009

Dado como adquirido- uma crónica radioactiva

Todos nós damos como adquiridos certos privilégios que a nossa sociedade nos providencia. Partimos uma perna e vamos ao hospital fazer um raio X. O nosso pai tem um enfarte do miocárdio e, depois de tratado, vai fazer um estudo de perfusão cardíaca. A nossa mãe tem cancro da mama e faz radioterapia. Após a radioterapia é submetida a cirurgia para retirar o tumor e finalmente faz uma cintigrafia de gânglio sentinela para ver se o tumor ainda existe e dissemina pelos vasos linfáticos. Enquanto isso o nosso filho recém-nascido, após sofrer uma infecção urinária, faz um estudo de medicina nuclear chamado cistografia para diagnosticar a possível existência de refluxo vesico-ureteral (a urina sobe da bexiga para o rim pelos ureteros). E depois disto tudo o que é que fazemos? Esperamos que nos coloquem o gesso na perna e vamos a uma manifestação pública para se acabarem com os reactores nucleares porque poluem o ambiente.

Existem alguns génios, como a Madona, que até tentam reunir as pessoas para as sensibilizar contra a radiação. E propõem-se a acabar com a radioactividade no planeta. Se alguém conhecer esse antropóide que lhe diga que os nossos corpos, o Sol e o nosso planeta são radioactivos. O problema é este. Quando as pessoas se manifestam contra o uso da radioactividade não levam em linha de conta o facto de colocarem em questão uma boa parte das estratégias terapêuticas mais desenvolvidas hoje em dia. Também não pensam que a maior exposição a que as pessoas se encontram sujeitas são exposições médicas.



Vamos defender o ambiente e acabar com todos os reactores nucleares existentes no planeta. Os nossos reactores nucleares são reactores de fissão. Isto significa que um núcleo de urânio é bombardeado com uma partícula e dá origem a átomos diferentes. Um desses átomos é o molibdénio. Qual a importância do molibdénio para o nosso texto? É através do decaimento do molibdénio que obtemos um outro radionuclido chamado tecnécio 99 metaestável. E este radionuclido é o mais usado em exames de medicina nuclear. Sem ele é impossível fazer a cintigrafia de gânglio sentinela à nossa mãe para ver se o tumor está a afectar o sistema linfático, é impossível diagnosticar um refluxo vesico-ureteral no nosso filho e é impossível estudar a extensão da lesão cardíaca que o nosso pai sofreu. Mas quando protestamos contra o uso de reactores nucleares não pensamos nisto porque, para nós, são dados como adquiridos.

Há alguns mamíferos que até querem acabar com todo o tipo de produção de radioactividade, o que significa que os nossos aceleradores de partículas devem desaparecer para não contaminar a nossa visão estupidamente ambientalista de um mundo utópico e imaginário. E com os aceleradores nucleares acaba-se o TEP (Tomografia de Emissão de Positrões) assim como a radioterapia e muitas das técnicas de radiologia que são hoje muito usadas.

Nós nunca pensamos que colocamos em risco a vida de milhões de pessoas que todos os anos vêm as suas vidas prolongadas ou o seu sofrimento mitigado pelo uso benéfico da radioatividade. Porque consideramos esses tratamentos e métodos de diagnóstico como dados adquiridos.

3 comentários:

  1. não concordo nada com este pseudo-cientista (ter em mente de quem ele é advogado); raios-X? radiologia? radioterapia? q remédio, ñ nos dão alternativas! q benefícios traz a radioterapia para alem de prolongar o suplício do moribundo? mas o medo da inevitável morte faz-nos aceitar qq barbaridade, até a radioactividade do António Sala ou da programação da TVI

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  2. Boas Abel
    Se não oferecem alternativas à radioterapia é porque elas não existem. E a radioterapia tem conseguido resultados espectaculares e vai ter um futuro bastante risonho na medicina.
    Evidentemente que pode prescindir destes métodos de diagnóstico ou tratamento. Assim quando partir a perna pode dizer que não quer fazer radiografia. Ou depois de ter um ataque cardíaco recusa-se a fazer cintigrafia de perfusão do miocárdio para avaliar a extensão das lesões cardíacas. Alguns destes exames salvam vidas e não existem alternativas aos mesmos.
    Se calhar o que precisamos é de mostrar que a radioactividade, desde que usada inteligentemente, pode ser bastante benéfica para todos. lololol
    Sem dúvida que a programação da TVI ou o seu jornal nacional com a Manuela Moura Guedes é um uso bastante errados da radiação electromagnética. É um ofensa de mau gosto aos comprimentos de onda. lolol
    abraço

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  3. será q ñ existem mesmo? ou são sistematicamente desacreditadas? veja http://www.cancerfungus.com/simoncini-cancro-fungo.php
    mais um charlatão? é possível, mas fico ansioso pelos seus comentários caro fanático da ciência

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