domingo, 14 de março de 2010

Paternidade e Imaginação feminina: divagações espirituais

No século XVII, o jesuíta Athanasius Kircher (1601-1680) decidiu, através da história Bíblica de Noé, calcular o tamanho da arca usada por esta personagem para salvar todas as espécies de seres vivos na altura do dilúvio.

Após se ter dado a todo este trabalho, chegou à conclusão que a arca de Noé não era grande o suficiente para conseguir dar guarida a todas as espécies conhecidas. Uma vez que o Deus da ignorância imperava nos espíritos mais cultos da época, este jesuíta acabou por perder o seu tempo a pensar como seria possível salvar todas as espécies que não cabiam na arca.

A conclusão mais lógica para este espírito brilhante foi simples: “concluiu daí que apenas as espécies principais haviam encontrado refúgio na arca e que, uma vez passado o dilúvio, elas tinham gerado novas espécies sob a influência dos astros, da imaginação das mães e, sobretudo do clima”[i].

Realmente é uma pena que actualmente os astros já não sejam tão considerados como naquele tempo. Por outro lado, a perspectiva ambientalista é algo que me apraz muito ouvir. Afinal de contas quase de certeza que encontro ecos do aquecimento global nesta teoria tão antiga. Pois é agora que o planeta está a começar a aquecer e o tempo a mudar vamos todos ficar pretos. Afinal de contas o clima é mesmo o factor mais importante para o aparecimento de novas espécies.

Por falar em pretos. Este jesuíta realmente chamou a minha atenção para um problema, que devo admitir, ainda não tinha conseguido imaginar. Novas espécies surgem a partir da imaginação das mães. Portanto, ninguém quer uma mãe muito imaginativa. Já imaginaram o que seria o Advogado entrar na maternidade pela primeira vez para ver o seu recêm-nascido, e depois de verificar que era preto, ao contrário da família toda, ainda ia ouvir a sua divina amada, afirmar: “ó amor é a minha imaginação. Esta cabecinha não pára”.

“É normal” – responderia o Advogado – “é o meu tamanho natural que estimula a tua imaginação não é fofinha?” – ao que a divina Segóvia Brucelose responderia com um pequeno e doce aceno comprovativo. Se o Advogado do Diabo não levasse em linha de conta com estas divagações pseudo-religio-científicas quem sabe o casamento não terminaria em tribunal.

O leitor pode observar que isto é de crucial importância para o bem estar do núcleo familiar. Os homens hoje não precisam de testes de DNA para certificar a sua paternidade e comprovarem que os filhos são os seus. O que eles precisam é fazer testes de imaginação às suas mulheres e, de preferência, acasalar com aquelas que tenham os maiores índices de bronquice. É mesmo caso para dizer, mulher quer-se burra… e de preferência com uma boa parelha à frente.

NOTAS FINAIS DE TEXTO


[i] LEPELIER, Thomas, A Heresia de Darwin, pág. 28

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