segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Estigmas, História e Ciência

Recentemente vi o filme Stigmata. Bons efeitos especiais, pensei. Bom filme de ficção. Ou não? Serão os estigmas provocados pelo Criador? Ou somente uma manifestação patológica da mente do crente? Neste artigo pretendo mostrar um conjunto de provas que denuncia a acção da crença humana, em detrimento de intervenção divina. Para isso, dividirei este artigo em 5 partes distintas: (1) pretendo relacionar o aparecimento de estigmas com a representação de dor na arte religiosa, (2) mostrar uma correlação entre a variação do aparecimento de estigmas e as representações artísticas a que o crente se encontra sujeito, (3) demonstrar que existem contradições entre o aparecimento de estigmas e as descrições bíblicas e históricas da morte de Cristo e, finalmente (5) mostrar que não existe fundamento científico, para provar a veracidade dos estigmas, baseado em factos supostamente científicos como as línguas estrangeiras que essas pessoas falam.

1 – O primeiro estigmatizado chamava-se Francisco de Assis e viveu no séc. XIII. Qual a importância do séc. XIII? Porquê só no séc. XIII? Como é que não existem relatos de estigmatizados anteriores a essa data?

Até ao séc. XIII as representações da crucificação mostravam um Cristo sorridente. Cristo, pregado na cruz, olhava para as pessoas e sorria. É neste século que se dá um alteração da representação artística de Cristo na cruz. Desaparece o olhar frontal e o sorriso amigável e surge a dor, a tristeza, representada por uma pessoa de cabeça caída. Este é o aspecto histórico que nos permite associar o aparecimento de estigmas com representações de dor do Cristo crucificado. É esta coincidência que nos permite suspeitar de qualquer espécie de intervenção divina no aparecimento dessas feridas. Historicamente, é importante que se diga, o aparecimento de estigmas encontra-se ligado a alterações nas representações artísticas da crucificação. Estas alterações deveram-se ao simples facto de que as pessoas não compreendiam o que significava um Cristo sorridente na altura da morte. Mais facilmente aceitavam um Cristo com dor que sofria por elas e que morreu por elas.

2 – Vários estigmatizados apresentam variações da localização dos estigmas nos membros superiores. Alguns apresentam feridas que se abrem na palma da mão, outros, surge, um pouco atrás do pulso, entre os tendões dos músculo longo palmar e flexor radial do carpo. Os investigadores concluíram que os estigmas apareciam consoante as representações artísticas das respectivas crucificações a que ele tinha acesso. Muitas vezes eram as principais imagens ou estátuas das suas próprias igrejas. Se esse estigmatizado via mais imagens de Cristo pregado na cruz, pelas mãos, logo era aí que apareceriam os estigmas. Isto indica uma clara associação mental feita pelo crente. Sabemos hoje que o prego era colocado entre os tendões dos músculos longo palmar e flexor radial do carpo. Doutra forma, a mão não aguentaria o peso do corpo e rasgava fazendo o crucificado cair da cruz. Mas estas coincidências não se ficam por aqui. Outras marcas que aparecem em corpos de pessoas muito crentes, como as marcas de tortura da sua santa favorita, tendem a aparecer nos mesmos sítios representados nas esculturas ou pinturas a que essa pessoa se encontra exposta. O mais interessante é que os próprios muçulmanos apresentam a sua própria variação de estigmas. Mas em vez das famosas marcas da crucificação eles apresentam as marcas de guerra do profeta Maomé.

3 – Os estigmas aparecem nos pés e é comum vermos Cristo representado na cruz com os pés pregados. No entanto, isto não condiz com o método romano da crucificação e existem provas bíblicas que contradizem estas representações. Façamos uma pergunta a nós mesmos? Como morriam os crucificados? Pela falta de alimentação? Pela falta de água? Sabe-se que alguns crucificados demoravam dois dias ou mais a morrer. O processo fisiológico que os conduz à morte é simples: com o corpo pendurado o sangue tende a fluir, e acumular-se, para os membros inferiores, diminuindo a irrigação cerebral e cardíaca. A seguir à perda de consciência dá-se um colapso cardíaco. O crucificado morre de falência cardíaca!

Nas cruzes existia sempre um pequeno apoio para os pés e, de cada vez, que o crucificado sentia tonturas, ou alterações do ritmo cardíaco, colocava os pés nesse apoio e restabelecia a circulação sanguínea. Por essa razão se partiam as pernas aos crucificados: para morrerem mais depressa! No evangelho de São João 19, 32.33, é-nos dito:

"32 Vieram pois os soldados, e quebraram as pernas ao primeiro, e ao outro, que com elle fôra crucificado.
33 Tendo vindo depois a Jesus, como viram que estava já morto, não lhe quebraram as pernas."

Portanto, temos evidências históricas e bíblicas de que Cristo pode não ter sido pregado na Cruz pelos pés. No entanto os romanos não tinham uma única forma de crucificar pelo que enganos podem ser criados. Não existe nenhuma comprovação histórica que coloque os pregos nos pés de Cristo. Os estigmas continuam a aparecer nos pés tal como nos é artisticamente demonstrado.

4 – Os estigmas só aparecem em crentes. Este facto indicia mais um problema mental do que uma intervenção divina. Neste caso temos de nos perguntar: porquê só nos crentes? Serão os melhores para entender Deus? Ou terá Deus uma predilecção pelos mesmos? Associado a tudo o que lemos esta é mais uma prova de que os estigmas não são mais do que uma manifestação física de uma patologia psíquica por parte de alguns crentes.

5 – Os estigmatizados falam línguas que não poderiam saber de outro jeito! Este é o argumento mais falacioso que existe. Como é que podemos dar certezas de que uma pessoa nunca ouviu falar uma determinada língua? As pessoas que afirmam tais coisas devem estar em condições de nos dizer quais foram todas as pessoas com que o estigmatizado comunicou ao longo de toda a sua vida! Quais os programas de televisão que viu aos seis anos de idade? Quais as línguas que ouviu aos oito anos de idade? Ninguém, mas ninguém pode dar certezas que tal pessoa nunca ouviu, ou não tinha hipótese de falar, um determinado idioma! Portanto, este argumento não serve de defesa (pelo menos se queremos manter uma defesa lógica e credível) para a validação dos estigmas (já agora nem para a validação das possessões demoníacas).

Pretendo ainda apresentar uma hipótese para o aparecimento de estigmas. A psiquiatria sabe, actualmente, que existe uma patologia conhecida como púrpura psicogénica.Nestes casos, os pacientes, tendem a apresentar nódoas negras pelo corpo sem sofrerem qualquer tipo de toque. Outro aspecto que gostaria de referir consiste em saber quais as necessidades humanas dos estigmatizados: são pessoas que necessitam de muita atenção? São pessoas que pensam que se encontram à margem da sociedade? Uma parte da minha tese consiste em defender que os estigmas são uma forma do crente em chamar a atenção da comunidade para si mesmo e para se sentirem mais perto de Deus! Na realidade, ouso sugerir, que os estigmas são uma manifestação patológica, uma tentativa do crente em tornar-se Deus, em sentir o que Deus sentiu na cruz.

A minha hipótese é a de que os estigmatizados são pessoas com distúrbios psíquicos: prováveis associações entre patologias tipo púrpura psicogénica e necessidade extrema de atenção, ou mesmo desejo sádico de sofrerem os tormentos de Cristo! Estas hipóteses deixo-as aos psiquiatras para análise.

6 comentários:

  1. Novidades relativas ao dados sobre a morte de Jesus Cristo.
    Segundo se pensa actualmente ele não terá morrido de asfixia mas sim de lesão no coração. De acordo com os relatos bíblicos ele caiu ficando o patíbulo (e não a cruz) em cima do peito que pode ter originado uma lesão cardíaca. Depois é dito que um guarda perfurou o corpo para ver se estava morto e da ferida jorrou sangue e água o que indica o possível rebentamento de um aneurisma.
    Os pregos no pulso continuam mais ou menos na mesma. Não podem ter sido pregados na mão. Ou foram pregados no antebraço (ladeado pelos ossos cúbito e rádio e anteriormente pelos ossos do carpo) ou então foi perfurado directamente nos ossos do carpo.
    Os pregos no pé: regra geral, de acordo com recentes provas arqueológicas, a crucificação dos pés era feita através de um prego inserido na face externa do osso calcâneo em direcção à madeira da cruz. O crucificado ficava com os pés de lado da madeira. Outra forma, que pode ter sido usada em Cristo, é semelhante às representações das imagens religiosas. Pensa-se que esta forma de crucificação poderia matar mais rápido.
    No entanto, o facto de Cristo ter aguentado pouco tempo na cruz pode ser devido ao aneurisma ou à fraqueza do corpo derivado da falta de comida, da desidratação, da tortura e da falta de sono. Um colapso do organismo portanto.
    De qualquer forma estas diferenças não alteram o facto de que os estigmas aparecem consoante o tipo de imagens a que o crente se encontra exposto.

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  2. Hi there,
    Not sure that this is true) but thanks

    Thank you
    AlexAxe

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  3. With all the doggone snow we have had as of late I am stuck inside , fortunately there is the internet, thanks for giving me something to do. :)

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  4. Dê as voltas que quiser, procure todo o tipo de explicações científicas, os estigmas são de qq modo factos extra-ordinários, e os estigmatizados, pessoas extra-ordinárias (uso os hífenes para não adjectivar); de resto (quase) todas as hipótes que coloca são oportunas, se bem q mal intencionadas (malandreco); fico a saber por si q os estigmatizados falam línguas que não podiam saber de outro jeito; acho as hipóteses q coloca absurdas e os seus argumentos falaciosos. Espero q ñ se sinta estigmatizado.

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  5. Concordo perfeitamente.
    Os estigmas são factos extraordinários. Mas não os considero mais extraordinários que outros fenómenos como buracos negros ou a constituição da célula.
    Quanto aos estigmatizados também concordo que são pessoas especiais... como todas as outras. lololol Se os considero especiais por sofrerem de uma perturbação rara que tipo de classificação teria de usar para aqueles que sofrem de doenças ainda mais raras? Super-hiper-mega especiais? rsrsrsrsrs
    E os estigmatizados, nem ninguêm, fala línguas que nunca ouviu. Nem eu disse isso.
    Quanto às hipóteses que coloco no final do texto. Sim, concordo que possam ser absurdas. Mas são mais prováveis que as hipóteses apresentadas pela religião. No entanto podes sempre tentar colocar novas hipóteses. rsrsrs
    abraço e boa páscoa

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  6. épá vossemecê ñ gosta dum bocadinho de mistério? ñ lh'entra na cabeça q há coisas q ñ se explicam, simplesmente são? ñ lhe deram uma dosesinha de «só sei q nada sei» qd era pequenino? ou de «yo non creo en brujas pero que las hay las hay»? atão vossemecê quer tudo explicadinho? ñ há pachorra pr'arrogância do cientificismo (!). Boa Páscoa.
    ps: como se comemora a páscoa em Science Land? tzzzzzzzzzzzzzzz

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