sexta-feira, 2 de julho de 2010

A Terceira Cultura: para além da Revolução Científica

“A terceira cultura assenta no trabalho experiemtal e nas especulaçõs teóricas de cientistas e outros pensadores do mundo empírico que têm vindo a ocupar o espaço dos intelectuais tradicionais no esclarecimento do sentido mais profundo da vida, redefinindo quem somos e o que somos.

Nos últimos anos, o palco da vida intelectual norte-americana mudou de rumo e, com isso, a inteligência tradicional viu-se cada vez mais marginalizada. Uma educação baseada nas ideias de Freud, Marx e do modernismo, típica dos anos 50, já não constitui qualificação suficiente para um pensador dos anos 90. De facto, os intelectuais americanos tradicionais mostram-nse, numcerto sentido, cada vez mais reaccionários e, com muita frequência, ignoram com orgulho, e até uma certa dose de perversidade, muitas das questões intelectuais verdadeiramente significativas do nosso tempo. A sua cultura, que repudia a ciência é, muitas vezes, abstrata. Utiliza um jargão muito próprio e fecha-se em capelinhas exclusivistas. A profusão de comentários é uma das suas principais características, e esta espiral infernal de especulações que se rebatem umas às outras leva-os a um ponto em que o mundo real acaba por se perder.

E, 1959, C. P. Snow publicou um livro intitulado The Two Cultures. Nele, chamava a atenção sobre a distinção entre os intelectuais e os cientistas. Com incredulidade, o autor referia que, durante os anos 30, os literatos, quase desapaercebidamente, começaram a referir-se a si próprios como «os intelectuais», comos e não houvesse outros. Esta nova definição dos «homens de letras» excluiu cientistas como o astrónomo Edwin Hubble, o matemático John von Neumann, o fundador da cibernética. Norbert Wiener, e os físicos Albert Einstein, Niels Bohr e Werner Heinsenberg.


Os recentes êxistos editoriais de livros científicos sérios só surpreenderam os intelectuais da velha guarda, que os encaram como anomalias – as pessoas compram-nos mas não os lêem. Não estou de acordo. Esta emergente actividade da terceira cultura só prova que cada vez existem mais pessoas com uma apetência muito grande por ideias novas e importantes e que estão dispostas a fazer um esforço para se auto-instruírem.

Os tópicos científicos que têm recebido um tratamento importante em jornais e revistas nos últimos anos incluem a biologia molecular, a inteligência artificial, a vida artificial, a teoria do caos, o processamento em paralelo, as redes neuronais, o universo inflaccionário, os fractais, os sistemas adaptativos complexos, a biodiversidade, a nanotecnologia, o genoma humano, os sistemas periciais, o equilíbrio pontuado, os autómatos celulares… a realidade virtual, o ciberespaço e as máquinas teraflop.

Quem são os intelectuais da terceira cultura? A lista inclui as pessoas que colaboram neste livro, cujo trabalho e ideias dão um sentido ao termo: os físicos Paul Davies, J. Doyne Farmer, … Allan Guth, Roger Penrose…; os biólogos evolucionistas Richard Dawkins, Niles Eldredge, Stephen Jay Gould, Steve Jones e George C. Williams; o filósofo Daniel C. Dennett; os biólogos Brian Goodwin, Stuart Kauffmnan, Lynn Margulis e Francisco G. Varela; os cientistas de computadores W. Daniel Hillis, Christopher G. Langton, Marvin Minsky e Roger Schank; os psicólogos Nicholas Humphrey e Steven Pinker.”

Introdução, pág. 13-15

Esta obra, escrita por John Brockman, encontra-se publicada pela editora Temas e Debates.

2 comentários:

  1. Alô Advogado:
    Seus três ultimos posts são "ignorantes"!!!
    "Os 24 anciãos postados em torno do "trono"do senhor até se lhes arrepiaram as longas barbas brancas, como se estivessem numa gaiola de Faraday."
    Obrigado pelas sugestões de leitura. Sempre é bom pormos esta turma de neurônios preguiçosos a trabalhar, afinal eles têm que fazer o que a gente manda, certo?

    Fico com as sábias palavras de Arthur Schopenhauer:
    "As religiões são necessárias ao povo, e são para ele um benefício inapreciável. Mesmo quando elas se querem opor ao progresso da humanidade no conhecimento do verdadeiro, é preciso desviá-las com todas as atenções possíveis. Mas exigir que um grande espírito, um Goethe, aceite convictamente os dogmas de uma religião qualquer, é exigir que um gigante calce o sapato de um anão."

    Até mais
    abraço

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  2. hehe
    Esse Schopenhauer tinha algumas coisas engraçadas para escrever.
    Nesta categoria de artigos vais encontrar muitas sugestões de livros. Até vou colocar aqui alguns livros sobre religião bem engraçados e interessantes. hehehe
    abraço

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