sábado, 19 de julho de 2008

Mourinho, Mugabe e a Importância da Comunicação Social

De acordo com o que li num jornal recente, Mourinho perdeu um processo de tribunal contra a Imprensa-livre ficando esta com a liberdade total para publicar artigos que invadam a vida privada deste treinador.

Segundo se afirmou, o juiz levou em linha de conta, tanto o direito à privacidade como o direito da liberdade de expressão e decidiu-se por este último, devido às circunstâncias do caso. As circunstâncias são fáceis de entender: (1) não existem jornalistas a fazer trabalho sério nos dias de hoje - é vergonhoso ver os jornais a lutarem por este tipo de história, em vez de trabalharem sobre assuntos realmente sérios - e (2) vivemos na época do Big Brother onde a privacidade já não tem valor.... Apesar de se falar dela enquanto direito humano.



Podem achar que sou demasiado brusco quando ataco os jornalistas. Mas pensemos já nas críticas feitas à comunicação social pelo antigo candidato à Casa Branca e actual Nobel da Paz, Al Gore. Refere ele, e bem, que enquanto, meio mundo morre de fome, os EUA andam em Guerra pelo Iraque, Os Talibas ganham mais terreno no Afeganistão, etc.... os jornais americanos falam do corte de cabelo da Britney Spears. Infelizmente, os jornais portugueses não são melhores.

Saiu hoje uma noticia sobre a escalada de tensão entre o Irão, os EUA e Israel. No entanto, os jornais portugueses quase que não escreveram nada sobre o assunto. São mais interessantes os sapatos vermelhos do Papa, os regulamentos da liga de futebol que parece nunca mais são discutidos, euforia da chegada dos campeões europeus a Espanha (esta sim é importante) ou então a nova animação da pixar que bateu recordes de bilheteiras... Isto já para não falar que o Will Smith vai representar Barack Obama na grande tela porque tem orelhas grandes (que estrondo de noticia).

O mais curioso, por vezes, é ler a mesma noticia em jornais diferentes. Parece que estão a relatar acontecimentos em planestas opostos na galáxia. Por exemplo, o jornal Global, fala da 11ª cimeira africana com o Título "Longe do Consenso com Mugabe em Alta" (GLOBAL, 01/07/08, pág. 14) e cita o presidente do Gabão (mais um ditador) a chamar-lhe herói e a afirmar que ele fora muito bem recebido por todos. No entanto outro jornal (creio que o Correio da manhã ou o diário de noticias) noticiava uma preocupação de vários países, relativamente, à situação no Zimbabué e referia, inclusivamente, que o Quénia tinha feito o pedido de exclusão de Mugabe (não tenho a noticia comigo e pode existir algum erro de memória).

Por um lado temos um Mugabe bem vindo, por outro temos outro Mugabe mal vindo. Parece-me que é realmente mais fácil para os jornalistas andarem a inventar histórias de romances e traições com jogadores e treinadores de futebol e invadirem a privacidade de famosos do que em nos passarem informação credível do que se passa pelo mundo fora. Que se lixe o Mugabe e vamos lá chatear o Mourinho.

1 comentário:

  1. Isso tem tudo a ver com a educação das pessoas e o quão mesquinhas são, apesar de os jornalistas terem a culpa, quem lê essas noticias também é culpado porque fazem com que essas mesmas sejam vendidas. Se tivéssemos uma sociedade mais culta e mais bem educada, talvez os jornalistas fossem obrigados a fazer um trabalho decente em vez de andarem à procura de mexericos como estes.

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