terça-feira, 1 de julho de 2008

Acabar com o nuclear

Recentemente recebi um mail sobre uma petição europeia para acabar com os reactores nucleares na Europa. Entretanto procurei por diversos sítios da web o que os mais jovens achavam da questão. Entre grandes admiradores da energia nuclear (muito poucos) e supostos ambientalistas que se preocupam muito com o bem estar do planeta (infelizmente muitos) reparei que existem algumas frases de guerra muito usadas:

1 – parar de construir centrais nucleares;

2 – acabar com as centrais nucleares;

3 – dedicarmo-nos às energias renováveis.

Nos próximos parágrafos irei comentar cada um destes princípios e espero que ao lerem isto decidam comentar para aumentar a discussão em torno desta problemática.

Parar de construir centrais nucleares: a Alemanha seguiu o princípio de fechar centrais nucleares (achava que já não precisava delas) até que surgiu a crise ucraniana do gás russo. Não construir mais centrais nucleares não nos permite responder ao crescimento do consumo energético que advêm do aumento da população e da qualidade de vida. Muita da energia que a China precisa para se desenvolver tem de a ir buscar a futuros reactores nucleares. Mas vamos impedir o crescimento chinês e manter milhões de pessoas dentro da pobreza para satisfazer as nossas utopias ambientalistas. Como é que China vai compensar essa falta de energia? Compra mais petróleo? Essa seria excelente porque assim poderíamos ver o preço do petróleo ascender a valores irreais (se pensam que agora está alto!).

Acabar com as centrais nucleares: relembrando os exemplos anteriores adiciono mais 1 – 80% da energia francesa advêm de reactores nucleares. Vamos acabar com os reactores nucleares? Países como França, Inglaterra, Alemanha, USA e outros passavam rapidamente para países de 3º mundo.

Quando se menciona acabar com as centrais nucleares também nos referimos ao novo reactor a fusão nuclear? Essa seria excelente. Pela primeira vez na história estamos a construir um reactor de fusão nuclear (os reactores actuais são de fissão nulcear) que nos vai produzir muito mais energia que qualquer reactor existente actualmente. Acabar com um reactor onde se dão reacções iguais às do interior do Sol antes de estar sequer acabado. E a energia que daí advêm? Precisamos dela? Eu acho que sim…

Ao acabarmos com os reactores nucleares estamos também a eliminar a investigação científica efectuada nos mesmos. E com isso acaba produção de radionuclidos necessários em medicina nuclear. Um dos maiores avanços em imagiologia médica conhece assim o fim. 131I para tratar neoplasias? Nem pensar… só de pensar que uma das formas de se obter esse radionuclido é através da fisão do 235U. Terapia de tumores sólidos com radiofármacos? Também ninguém está interessado em tal coisa. O único desejo de alguns ambientalistas é que o nulcear acabe para todas as impurezas desaparecerem… podemos fazer como a Madona, juntamo-nos a uma grupo cabalístico e depois tentamos acabar com a radioactividade que existe no planeta… fazendo uma figura de ignorante.

As energias renováveis: é evidente que devemos investir em energias renováveis. Mas estas ainda não são rentáveis nem energética nem economicamente. Como vamos compensar essa falta de energia? Relembro aqui o exemplo espanhol: através do investimento em energia nuclear conseguiram ter preços mais baratos em electricidade e mesmo assim ganhar um excedente para investir em energias alternativas. Investir na energia nuclear não impede o investimento em energias alternativas: o modelo de investimento energético alemão é disso o melhor exemplo. As energias renováveis vão permitir diminuir a nossa dependência do petróleo ou de outros combustíveis fósseis altamente poluente como o carvão mas nunca vão inutilizar a energia nuclear (que diga-se de passagem é menos poluente).

Relativamente ao exemplo ambientalista português devo dizer o seguinte: já existem centrais nucleares espanholas ao longo da fronteira portuguesa. Essas centrais foram lá colocadas devido aos ventos e à geografia. Se acontecer algo mau que seja é a nós e não aos espanhóis. Na realidade já temos o perigo… só falta mesmo é a electricidade mais barata e a diminuição da nossa dependência energética… e já agora uma população menos utópica e com maior formação científica.

Pessoalmente acho que é altura de crescermos e acabar com os discursos utópicos pseudo-ambientais.

1 comentário:

  1. 2009-07-14 07:53:41
    Li ontem, no jornal Público, uma noticia intitulada: "Nova avaria em reactor nuclear volta a prejudicar diagnósticos oncológicos".
    Avaria em reactor nuclear? E o mundo não acabou? Não há protestos internacionais devido ao perigo de uma avaria num reactor nuclear? E suicidios em massa? Nada?
    Segundo consta o verdadeiro problema não é a protecção dos canadianos (é verdade, um reactor pode avariar e mesmo assim ser seguro para a população. Imagine-se!) mas sim o diagnóstico dos pacientes oncológicos. Na realidade a noticia até está errada, uma vez que os pacientes cardíacos serão aqueles mais prejudicados.
    Pois é, como referido no artigo, sem rectores nucleares acaba-se a medicina nuclear. É que o principal radionuclido usado (tecnécio 99 metaestável) é proveniente da fissão do urânio.
    Talvez os ambientalistas arranjem uma forma de extrair tecnécio a partir da agricultura biológica. Quem sabe?!!!

    ResponderEliminar