segunda-feira, 2 de agosto de 2010

GÖDEL, ESCHER, BACH Laços Eternos

“Afinal de contas, de que trata exactamente este livro, Gödel, Escher, Bach: Laços Eternos – mais conhecido pela sigla GEB?

Esta questão tem-me perseguido desde que principiei a escrevinhá-lo, em 1973. Alguns amigos procuravam saber, é claro, o que me prendia tanto, mas sempre tive enorme dificuldade em explicá-lo concisamente. Anos mais tarde, em 1980, quando GEB já se encontrava durante algum tempo na lista de topo de vendas do The New York Times, a frase sumária obrigatória que publicitava o título durante várias semanas dizia: «Um cientista argumenta que a realidade é um sistema de tranças interligada.» Depois de eu ter protestado veementemente contra esta evidente grosseria, substituíram-na por algo um pouco melhor, apenas com precisão suficiente para apaziguar os meus protestos.

Muitas pessoas pensam que o título diz tudo: um livro sobre um matemático, um artista e um músico. Mas o olhar mais casual mostrará que estes três indivíduos per se, notáveis como são, apenas desempenham funções minúsculas no conteúdo do livro. O livro não é sobre estas três pessoas, de modo nenhum!

Bem, então que tal a descrição de GEB como «um livro que mostra como a matemática, a arte e a música são, no fundo, uma e a mesma coisa?» Também isto está a milhas de distância – mas já o entendi vezes sem conta, da parte de não leitores como de leitores e até de leitores fervorosos do livro.

Nas livrarias já vi GEB decorar as prateleiras de secções muito diversas, não apenas de matemática, de ciência em geral, filosofia e das ciências cognitivas (tudo bem), mas também de religião, do oculto, e Deus sabe que mais. Porque será tão difícil descobrir de que trata este livro? Certamente que não é por causa do seu tamanho. Não, em parte deve ser porque GEB mexe, não apenas superficialmente, com tantos e heterogéneos tópicos – fugas e cânones, lógica e verdade, geometria, recorrência, estruturas sintáticas, a natureza do significado, budismo zen, paradoxos, cérebro e mente, reducionismo e holismo, colónias de formigas, cocneitos e representações mentais, tradução, computadores e suas linguagens, ADN, proteínas, o código genético, inteligência artifical, criatividade, consciência e livre arbítrio – até arte e música, por vezes, vejam só! – que muitas pessoas acham impossível localizar o núcleo central.”

Prefácio à edição do 20º aniversário de GEB

Esta obra, escrita por Douglas Hofstadter, recebeu o prémio Pulitzer e enonctra-se publicada na Gradiva, Colecção Ciência Aberta, nº 109.

O que a critica disse desta obra:

“De tempos a tempos um autor produz um livro com tal profundidade, clareza, âmbito, inteligência, beleza e originalidade que é reconhecido imediatamente como acontecimento literário de primeira grandeza. É o caso deste livro.”
Martin Gardner, Scientific American

“Uma síntese brilhante, criativa e original sem par ou precendente na literatura moderna”
The American Mathematical Monthly

“Uma enorme e fecunda maravilha literária, um livro filosófico disfarçado de entretenimento disfarçado de instrutivo.”
Atlanta Journal-Constitution

“Gostaria de pensar que o enorme esforço editorial que representa para a Gradiva a publicação em português desta obra singular corresponde a uma exigência da sede e fome culturais do nosso povo.”
António M. Baptista

Douglas F. Hofstadter é professor de Ciências Cognitivas e da Computação na Universidade de Indiana, Bloomington, EUA, onde dirige também o Centro de Investigação em Conceitos e Cognição. É autor de outros livros, como The Mind´s I, Metamgical Themas, Fluid Concepts and Creative Analogies e Le Ton Beau de Marot, e de uma tradução em verso de Eugene Onegin, de Pushkin.

2 comentários:

  1. Não sei se já não esgotou. De qualquer forma pode ser tentar os alfarrabistas na baixa.
    abraço

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