sábado, 12 de abril de 2008

O Antiimperialismo democrático de Chavez

Quem já não assistiu aos espectáculos públicos, ou a parte deles, do nosso amigo populista Hugo Chavez? É raro, ou inexistente, o espectáculo em que esse grande defensor da democracia não ataca os EUA pelo seu imperialismo mundial e pelas várias intervenções em todo o globo que acabaram por afectar o nascimento ou desenvolvimento de democracias em países vizinhos. Muito particularmente na América do Sul. E também não nos podemos esquecer que a CIA falhou um golpe de estado contra Chavez em 2002. Amor acima de tudo.

Mas o que eu gosto mais que tudo é a forma como Hugo Chavez luta pela democracia e contra o imperialismo. Todos sabemos que Chavez, defensor acérrimo da liberdade de expressão, fechou um canal de televisão que pertencia à oposição. Bush pode ser mau mas seria realmente impressionante ver a Casa Branca fechar canais de televisão porque passam pontos de vista diferentes. Bye, bye Jonh Stewart Show e coisas do género. Parece-me que Chavez e a Casa Branca tem 2 pontos de vista diferentes. A casa Branca diz: que se lixe a democracia noutros países se isso nos beneficiar. Chavez, por seu lado, afirma: democracia seja bem vinda noutros países; no meu mando eu. É realmente impressionante a forma como ele defende a democracia para povos que não sejam o seu.

O que eu mais gosto é do antiimperialismo que professa. Senão vejamos: Se os EUA entram em guerra no Iraque por interesses próprios são imperialistas e logo maus; se entram em guerra no Vietnam ou na Coreia ou noutro país qualquer são péssimos imperialistas porque querem dominar o mundo: Aníbal ad portas gritam os comunas aos filhos.

O que acontece quando um dos protegidos de Chavez é ameaçado? Vamos supor que falamos de Evo Morales, presidente da Bolívia. Sim falamos do mesmo Morales que considera o capitalismo como o pior inimigo da humanidade e que defende que o problema da cocaína não está na sua produção mas sim no consumo e como tal deve ser resolvido só pelos países consumistas como os EUA e não pelos países produtores como a Bolívia. Sim, vamos supor que os EUA não gostam muito do tipo e que a elite do país o quer ver fora dali. Não sou a favor de golpes de estado e se o tipo por muito burro que seja for eleito democraticamente então deixem-no reinar (isto não significa alterar a constituição para reinar durante não sei quanto tempo Sr. Hugo Chavez). Mas o que acontece quando o antiimperialista Chavez vê os seus interesses ameaçados na região? Ameaça tranformar a Bolívia num Vietname. É bonito, muito bonito. Até mesmo cómico ver este senhor usar o vietname como ameaça. É que se ele soubesse o mínimo de História saberia que o Vietname é uma má escolha por várias razões: (1) está associado a uma derrota, (2) lembra a todos o impacto que os media da oposição têm durante uma guerra não desejada, (3) diminui a popularidade e (4) tem poder de tirar governantes do poder.

Realmente cada vez que olho para este mundo capitalista e desavergonhado, sem sentido de direcção, sem respeitar os direitos humanos e coisas e tal penso: que farol de liberdade é aquele que brilha lá longe em terras venezuelanas. E que pensamento bonito este é.

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