sexta-feira, 2 de maio de 2008

A verdade das experiências religiosas e os 90 anos do milagre de Fátima

Vivemos um tempo grande. Comemora-se agora os 90 anos de Fátima. Coloco-me a possibilidade do caso de Maria decidir aparecer neste momento aos pastorinhos de Ipod do século XXI com câmaras digitais de alta resolução que possam filmar o Sol a deslocar-se pelo espaço como uma bola de bilhar descontrolável. Infelizmente sei que quando a tecnologia está disponível para averiguar a existência de milagres estes ou deixam de acontecer ou se prova que são fraudes. Mas para todos aqueles que muito espiritualmente ligam a estas coisas, pensemos num pequeno conjunto de questões.

Se 3 pastorinhos aparecem e dizem que virgem lhes apareceu acabam por ter um sucesso tão grande que toda a gente fica a acreditar neles. Se um doente psiquiátrico, quando não toma os remédios, começa a falar com Cristo e escreve livros como “Este Cristo que vos Fala” e coisas do género, as pessoas não só compram os livros como afirmam que essa pessoa é capaz de fazer curas milagrosas.



Eu decido dizer que me apareceu numa visão o capucinho vermelho e que me converteu para a verdadeira religião dos capucinhos vermelhos! Acreditam em mim? Ou é disparatado eu estar aqui a falar do capucinho vermelho que é uma personagem das nossas histórias infantis? O Capucinho Vermelho não serve. E o Pai Natal? Ou o Lobo Mau? Se eu tiver alguma experiência religiosa com esses personagens será ela credível? Fiz uma experiência com uma amiga. Sistematicamente ela considerou-me um parvinho sem perceber bem onde iria parar o diálogo. Comparar o Capucinho Vermelho com a Virgem Maria. Isso é blasfémia. Até que coloquei outra questão: e se eu tivesse uma visão de um Deus, digamos com corpo de homem todo azul e uma cabeça de Elefante? Ou se esse Deus apresentasse uma forma humana mas com 2 pares de braços e fosse negro? Poderiam ser estas revelações verdadeiras? Poderia eu estar a falar com o verdadeiro Deus todo poderoso? Como todos sabemos eu só estou aqui a dizer disparates. Mas o que muitos de nós não sabem é que eu acabei de descrever 2 deuses muitos importantes para a religião hindu. O homem de corpo todo azul e cabeça de Elefante é um dos deuses mais importantes do Hinduísmo. E o homem negro com 2 pares de braços chama-se Kali. E na Índia os hindus não tem visões com virgens brilhantes nem com meninos divinos. Esse tipo de visões é para os maluquinhos. É para aqueles que vêem Capucinhos Vermelhos e Lobos Maus.

Se a Virgem Maria existe e aparece porque é que só faz em locais do Planeta onde a pobreza e a falta de cultura cientifica andam de mãos dadas e onde as pessoas foram ensinadas a acreditar na Virgem? Porque não aparece ela no oriente? Porque não aparece ela no Japão Xintoísta? Ou na China Confucionista? Ou na Tailândia Budista?

Porque é que as aparições de santos e santinhos só aparecem após um povo ser educado (de livre vontade ou obrigado) a acreditar nelas? Antes da nossa chegada às Américas a Virgem Maria não aparecia aos Índios. Os Índios norte americanos tinham visões celestiais com animais divinos. Podemos concluir que o menino Jesus é um Urso?

As aparições não são único fenómeno religioso interessante. Por exemplo quantas possessões demoníacas existem nas culturas que não acreditam no demónio? Quanto estigmatizados não crentes existem (para mais informações sobre estigmas podem consultar um trabalho anterior publicado neste sitio no mês de Fevereiro de 2007)? E se aos católicos aparecem as marcas da cruz e do sofrimento de Cristo aos muçulmanos aparecem as marcas de guerra e símbolo de sofrimento do profeta Maomé. Estas diferenças parecem obra de um Deus omnipotente, omnisciente e omni mais qualquer coisa ou parecem uma simples consequência da cultura humana? Parece que um Deus omnipotente é impotente face às crenças culturais dos diferentes povos humanos.

Por falar do ridículo falemos das nossas crenças religiosas. Acreditamos numa Virgem que deu à luz um bebé. Algum problema nisto? Sem tirar o facto de que viola todas as leis de biologia humana que conhecemos não. Mas quando falamos neste pequeno aspecto alguns iluminados começam a falar em partenogénese. Caímos novamente no ridículo uma vez que a partenogénese não acontece na espécie humana e caso tivesse acontecido Cristo teria de ser 100% geneticamente idêntico a Maria. Toda a gente acredita que Cristo subiu aos céus. Algum problema nisto violar a lei da gravitação universal? Nenhum. O que é uma lei física comparada com o poder incomensurável de Deus? E quando a Virgem apareceu fez o Sol dançar nos céus. Lá se vão outra vez as leis da física para o galheiro. Parece-me a mim que o poder incomensurável de Deus não é mais do que o poder incomensurável da estupidez humana.

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