sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

4 Lições Importantes - Parte II

Meses depois conheci uma rapariga que virou o meu mundo do avesso. Ensinou-me o que é a ausência do “pecado cultural”, ensinou-me o que é entrega ao nosso parceiro e a ser verdadeiro com os meus sentimentos. Lembro-me de uma noite, após uns momentos de luxúria material, enquanto nos preparávamos para dormir, ela pedir-me para a abraçar. Na altura virei-me para o meu lado e pedi-lhe para me abraçar ela em vez. E assim o fez. Mesmo ficando triste, virou-se para mim e abraçou-me.

Ainda hoje quando penso nas oportunidades perdidas do passado esta fica em primeiro lugar. Todos os homens gostariam de voltar atrás no tempo para terem sexo com uma mulher com que tiveram hipóteses. Se eu pudesse voltar atrás no tempo era para esses 10 minutos em que a poderia abraçar e deixá-la adormecer nos meus braços. Nessa noite não a mereci e por muito que me tenha esforçado depois fiquei sempre com esta mágoa dentro de mim. Ela ensinou-me que na paixão não há complexos, nem tabus, nem pecado. Mas acima de tudo, ensinou-me que o verdadeiro amor é a submissão ao prazer do outro. É sentir prazer por saber que a nossa parceira se encontra feliz e concretizada ao nosso lado.

Finalmente a última lição. Esta é talvez a mais difícil de aprender. Há relativamente pouco tempo tive o prazer de iniciar um relacionamento com uma mulher não muito mais velha que eu e muito atraente. Creio que a nossa relação foi especial em muitos aspectos. Existia uma química fabulosa e uma vida social muito enriquecedora. Existia uma grande compatibilidade a muitos níveis na nossa relação. Então, qual a razão do seu insucesso?

Esta falhou por falta de comunicação a determinado momento, o que gerou ciúmes e por sua vez gerou mais dificuldade de comunicação. E ainda hoje me parece ridículo a razão que nos afastou pois sempre existira a capacidade de dialogar um com o outro.

Essa capacidade falhou num determinado momento e não se conseguiu restabelecer. No fundo nenhum dos 2 decidiu deu o braço a torcer. Quando penso nisto acho que muita da culpa foi minha (por razões óbvias não irei aqui contar os pormenores). Aprendi com ela que para uma relação se manter é necessário não guardar muitos segredos, em particular, dentro de esferas da vivência humana mais susceptíveis de causar atrito. Também aprendi que nenhuma relação se fortalece ou sobrevive se os 2 não estiverem dispostos a dar o braço a torcer de tempos a tempos. Mesmo que isso implique pedir desculpas quando achamos que não o devemos fazer.

Muitas relações falham devido a esta ausência de sacríficio. Cultivamos o mito da independência e esquecemos que qualquer relação só sobrevive quando, prescindimos dessa independência. Somos animais sociais cheios de paixões e medos e necessidades relacionais, como amigos ou parceiras de longa duração. Como conciliar a ilusão da independência com a nossa necessidade de possuir o outro? Creio que a resposta a esta questão é a chave do sucesso de relações duradouras…. Não eternas.

Posso então enumerar algumas das lições de vida que tenho partilhado convosco:
1 – respeitar o sentimento da mulher e nunca se aproveitar dele;
2 – não lutar por uma relação quando a nossa parceira não luta por ela;
3 – deixar as portas abertas a outras pessoas quando a nossa parceira não investe na relação;
4 – não permitir que tabus culturais ou sociais definam a relação (apesar de poderem ter algum peso na nossa maneira de pensar) que vão iniciar com a vossa parceira;
5 – procurar ao máximo o prazer, a felicidade e a satisfação da nossa parceira;
6 – numa relação forte, os 2 devem ser compatíveis a vários níveis existenciais (sexual, emocional, cultural, social, etc…)
7 – a existência de segredos e a ausência de uma comunicação transparente gera atritos que colocam em risco a sobrevivência da relação
8 – em todas as relações, em determinada altura, é necessário dar o braço a torcer, mesmo achando que não o devemos fazer

O que acho mais interessante nestas lições é que qualquer pessoa as sabe. Eu já as sabia quando tinha 16 anos. Mas o que sinto hoje é que só as aprendi realmente depois de ter passado por elas. Creio que a última lição, como referi atrás, é a mais difícil de aprender.

Vivemos num mundo hedonista onde aprendemos a servir os nossos interesses em primeiro lugar. Aprendemos a buscar o nosso prazer e a servir-nos dos outros para atingir os nossos fins. Mas numa relação, muitas vezes, somos obrigados a esquecer os nossos interesses em detrimento dos interesses da pessoa que amamos. Ficamos tão fixados com a suposta liberdade da nossa independência financeira e social que torna-se mais fácil não lutar por uma relação do que nos esforçarmos por ela. E afinal de contas o que nos custa dizer desculpa? “Aprendemos a dizer: quero isto!”. Mas não temos a coragem de afirmar a alto e bom som: “fui parvo, desculpa! És importante para mim.”

7 comentários:

  1. Afinal, o Advogado do diabo tem coração!!! rsrs

    Agora que já aprendeu todas essas lições, espero que seu próximo relacionamento seja feliz e duradouro.

    Até,

    Janete

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  2. que nada. Estou bem solteiro. lol Quem diria que irias encontrar um texto destes por aqui.... hahahahahahahahahahahahaha

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  3. Clap, clap... Afinal há um lado humano... Há lições que custam a aprender, mas depois não há como as esquecer...

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  4. mas não digas a ninguêm... ainda estragas a minha reputação. looooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooool

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  5. Este é o melhor texto escrito aqui até hoje.... muito bom!! Quem diria vir a ler isto sobre ti... o outro lado do Advogado do Diabo lol

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  6. olha-me outro. Bem, bem... não vamos começar a publicitar isto e a estragar a minha reputação de zézé camarinha da capital............. loooooooooooooooooool

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  7. Humm... Bonito, muito bonito!

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