quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

PARODIANDO COM O FEMENISMO DE NATALIE ANGIER

Não há mal nenhum em se ser feminista! Em alguns locais é mesmo pecado uma mulher não o ser. Antes de tudo deve salvaguardar-se a honra da vagina. Mas não só! A honra das mamas, dos ovários, do útero, de ordenados idênticos aos do sexo inimigo, etc... qualquer mulher deve salvaguardar a honra, não só do que a define enquanto mulher, mas dos seus direitos cívicos, culturais, humanos. Ser-se feminista ou defender o feminismo encontra-se na moda do politicamente correcto. Os políticos seguem essa moda e qualquer homem que pretenda passar uma boa imagem para a sua semelhante procura passar essa mensagem (mesmo que se contradiga, conscientemente, um pouco, quando essa semelhante já não se encontra presente).

E quanto a ser-se machista? Na nossa sociedade, o termo machista vive impregnado de um significado em tudo pejorativo. Não se trata aqui de defender direitos iguais para sexos diferentes ou direitos diferentes para sexos iguais ou qualquer outro tipo de manipulação retórica que serve muito bem alguns grupos. Trata-se de se poder exaltar o sexo masculino, por si mesmo. E com todo o desportivismo batalhar contra algumas feministas que tanto exaltam o sexo que lhes coube por direito genético. Natalie Angier é uma dessas feministas, que muito me apraz ler, que defende o seu sexo e que não perde oportunidade de mostrar ao homem qual o lugar dele. Este pequeno texto pretende somente responder à letra a algumas das suas afirmações.

Cedo começam as discórdias entre autor e leitor. E cedo indica, tanto o início da leitura, como o início da vida humana. Ou seja, as discórdias, como não podiam deixar de ser começam ao nível dos cromossomas X e Y. Posso compreender que as mulheres se sintam bastante bem ao saberem que o cromossoma X existe em maior quantidade que o cromossoma Y, já que tanto os homens como as mulheres possuem o primeiro, enquanto que o segundo é privilégio únicos dos homens. Também compreendo que as mulheres se sintam bastante confortáveis ao saberem que o cromossoma X, em si, é maior e contêm mais informação que o cromossoma Y (agora os homens sabem porque é que as mulheres são tão complicadas). Natalie Angier diz, inclusivamente, que o cromossoma Y

É geneticamente pobre[i].

Natalie congratula-se, ainda, com o facto de os homens possuírem um cromossoma feminino maior que o seu cromossoma masculino (as mulheres ainda têm a lata de dizer que se fossem elas a comandar o mundo não haveria guerras; se 1 cromossoma X faz estragos imaginem 2 cromossomas X e nenhum Y). O que a autora se esqueceu de dizer é que 97% do nosso código genético é... lixo genético. Por outras palavras, a mulher possui um código genético maior em tamanho e informação... consequentemente em lixo. As mulheres tem o cromossoma X que é constituído por uma maior parcela de lixo genético que o cromossoma Y. Sabem o que acontece quando um ser humano tem dois cromossomas X? precisa de andar com uma maleta para guardar o lixo todo.

A ironia dos argumentos feministas de Natalie Angier não se fica por aqui. A certa altura a autora diz:

Alguns estudos indicam que as mutações no cromossoma X são causa frequente de atraso mental... O corolário de todo esse atraso é genial: se há tantas coisas que podem dar para o torto com o nosso cromossoma predilecto[ii]... significa que ele contêm uma enorme quantidade de células-alvo – genes necessários ao desenvolvimento da inteligência[iii].

A autora termina o parágrafo com uma frase cujo objectivo é exaltar as grandes qualidades do cromossoma X:

Quando um ou mais desse genes falham, o desenvolvimento do cérebro vacila; quando tudo corre bem nasce o génio[iv].

Por outras palavras: quando nasce com uma deficiência mental sabemos quem culpar, quando nasce génio nasce homem (salvo raras excepções que servem para confirmar a regra).

Por ironia do destino, quando chegamos, às diferenças sociais não posso deixar de concordar com a autora nas suas observações. No entanto pretendo ampliá-las. Refiro-me à imagem madona-puta da mulher na nossa sociedade. Ainda há uns dias, quando saia com duas amigas fiz o comentário que não tenho por norma condenar ou achar errado uma mulher que seleccione vários parceiros sexuais. Mal acabei de falar começaram a olhar para mim como se tivesse largado uma blasfémia capaz de me condenar ao inferno do cromossoma Y. É nojento diz-me uma delas. A outra olhando, para mim, acena a cabeça concordando. Uma mulher deve dar-se ao respeito.

E se fosse um homem? questionei. A questão é esta, exactamente esta. Ninguém critica um homem por ter 2 ou 3 ou mais mulheres numa noite ou numa semana. Pelo contrário. Esse homem é elogiado pelos amigos, invejado pelos mesmos amigos e outros tantos inimigos e... desejado pelas mulheres. A partir do momento em que se sabe que determinado homem não só tem várias parceiras como lhes dá muito prazer torna-se mais interessante para outras mulheres. O contrário não se verifica; a mulher é denegrida pelas amigas, escorraçada pelas mulheres (que não a querem perto de amigos ou namorados) e... vulgarizada pelos homens. Aquela gaja é muita fácil! dizem.

Na nossa cultura a mulher deve ter um impulso sexual inferior ao homem. Mas o ridículo não é a falta de autorização cultural para a mulher perseguir os seus impulsos sexuais... o cúmulo do ridículo é que este tipo de machismo sexual é incentivado e, comumente praticado pelas mulheres.

NOTAS FINAIS

[i] ANGIER, Natalie; Mulher, Uma Geografia Íntima; Gradiva, 1ª ed, 2001, Lisboa, pág: 39

[ii] nosso, entenda-se... delas!

[iii] Idem, idem, pág: 39-40.

[iv] Idem, idem, pág: 40.

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