1 – protege a célula da lise em ambientes hipotónicos (ambientes com pouco sal; a parede celular garante que a bactéria se mantêm saudável nestas circunstâncias);
2 – é responsável pela forma das bactérias
3 – actua como barreira física perante agentes nocivos
4 – em certas bactérias contribui para a patogenicidade
Algumas bactérias como os micoplasmas, fitoplasmas e arqueobactérias não possuem parede celular. Muitas bactérias perigosas ao ser humano possuem parede celular, sendo aí que alguns medicamentos vão actuar.
O principal componente da parede celular das bactérias chama-se peptidoglicano ou mureína. O peptidoglicano é um componente da parede celular, rígido e insolúvel em água. Ele encontra-se presente nas eubactérias mas não nas arqueobactérias.
As bactérias, com parede celular, podem ser gram + ou gram -. As paredes celulares destas 2 apresentam diferenças na sua constituição. Quando mencionamos bactérias gram + ou gram – fazemos uma distinção com base na técnica de gram. Este é uma técnica de coloração das paredes celulares das bactérias. A sua finalidade é corar as bactérias. Se a bactéria ficar com uma cor roxa é gram + e se ficar com uma cor vermelha é gram negativa (estas últimas costumam ser as mais patogénicas).
O corante liga-se ao peptidoglicano e o álcool não o remove. No fundo, esta técnica de coloração permite distinguir as bactérias cuja parede celular é rica em peptidoglicano.
A parede celular das gram positivas não contêm lípidos excepto em micobactérias e algumas corynebacterium. As micobactérias não coram pela técnica de gram pois possuem lípidos na parede celular.
A parede celular das gram + é constituída, predominantemente por peptidoglicano (30 a 70%) podendo encontrar-se presentes alguns receptores como o ácido teicóico e o ácido teicurómico (cujas funções não vamos desenvolver neste artigo). As proteínas possuem ligação covalente aos peptidoglicanos ou aos ácidos teicóicos.
Nas gram – a parede celular é mais complexa e diferenciada. É constituída por periplasma e membrana externa.
O periplasma é a região entre a membrana externa e a membrana citoplasmática. É uma matriz de peptidoglicano hidratado com peptidos e oligossacarídeos. A camada de peptidoglicano é menos espessa que nas bactérias gram + e funciona como reservatório de muitas enzimas sendo importante para o crescimento celular.
A membrana exterior é a camada mais externa da parede celular sendo constituída por lipopolissacarídeos, fosfolípidos (como possuem lípidos não coram pela técnica de gram) e proteínas (as lipoproteínas ligam o peptidoglicano à membrana externa). Esta membrana externa contribui para a estabilidade mecânica do invólucro e serve de barreira de permeabilidade a detergentes ou a determinados antibióticos.
Os lipopolissacarídeos são as endotoxinas mais importantes (nas enterobacteriaceae são os principais antigénios somáticos).
Os fosfolípidos são lípidos dispostos em 2 folhetos que formam a membrana externa. As enterobacteriaceae não possuem fosfolípidos.
Finalmente temos as proteínas divididas em 3 clases. As proteínas porinas que permitem a difusão passiva das moléculas hidrofílicas através de canais e funcionam como receptores fágicos. As lipoproteínas que mantêm a estabilidade e integridade da parede e fazem a ligação da membrana externa com o peptidoglicano e as proteínas OMPA que desempenham um papel importante na conjunção bacteriana.
Diferenças entre gram pos. e gram neg.
Gram positiva | Gram negativa |
Sensíveis à penicilina e sulfamidas | Resistentes à penicilina e sulfamidas (os lipopolissacarídeos protegem as ligações à parede celular) |
Alguns antibióticos actuam a nível da biossíntese do peptidoglicano | Sensíveis à estreptomicina que actua ao nível da síntese proteíca |
Difteria, tétano, pneumonia, tuberculose | Cólera, febre tifóide, sífilis, gonorreia |
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