terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Obama, a revolução Sul Americana e uma América Bipolar

Com a vitória de Obama deu-se uma explosão de alegria pelo mundo. O mundo ressacava de 8 anos da estupidez de George Bush e pedia sangue novo, novas ideias e alguém que pudesse trazer um novo sonho americano.

A vitória foi considerada como uma lição de democracia que a América deu ao mundo. E que boa lição foi essa, em particular, após a lição de democracia nas eleições de 2000. Uma das pessoas que se manifestou foi (o sempre interessante!!!) Hugo Chavez. De acordo com este pretendente a ditador a revolução, que começara na América Latina, bateu às portas da Casa Branca.

Já escrevi sobre o que eu penso que foi o factor essencial à vitória de Obama. Em particular o factor do agravamento da crise. Sabendo que Obama tomou a dianteira nas eleições após o agravamento da crise fico em dúvida se a vitória de Obama se deve à abertura de espírito dos americanos ou se é somente um reflexo do pavor provocado pela crise.

No entanto a sucessão de presidentes com características tão diversificadas deixa-me apreensivo. Após os 8 anos de Clinton, os americanos escolheram um presidente notoriamente estúpido e incapaz de pensar ou falar correctamente. Um presidente cujos racismo e fundamentalismo religioso seriam das qualidades que mais admiraria em si. E depois de Bush, vem o primeiro presidente negro da História dos EUA.

Se a escolha de Pallin (mais uma parva sem experiência para a Casa Branca) para vice-presidente foi uma escolha politica, na tentativa de conquistar votos aos eleitores indecisos as primárias democratas demonstraram uma crença inabalável nos valores das pessoas sem levar em linha de conta a sua cor ou o seu sexo. O sonho americano ressurgiu na luta entre Obama e Hillary.

Os democratas americanos deram uma lição de democracia e direitos humanos ao mundo. Mas não confundamos os democratas com todos os americanos. A eleição de Obama seguida da presidência de Bush é preocupante, na medida, em que mostra a natureza bipolar da sociedade americana. Existe um fosso cultural enorme entre democratas e republicanos. Esta cultura bipolar pode significar uma ruptura futura para a qual o mundo não se encontra preparado.

Quando as diferenças culturais e ideológicas são grandes podem sobrepor-se à identidade nacional. Mesmo que os EUA sejam uma religião secular para a grande maioria dos americanos, a visão que 2 grupos poderosos tem do que é a América, ou de qual o seu papel no mundo, pode ser um rastilho suficientemente poderoso para fazer desabar a estruturas fundacionais do país.

No entanto, neste receio vem também a esperança de que o novo presidente tenha a competência necessária para salvar a economia e a qualidade de vida dos seus cidadãos e resolver inteligentemente os problemas internacionais que se colocarem ao mundo. E talvez, assim, seja possível diminuir o número de republicanos e homogeneizar mais os valores americanos no que respeita ao direito e protecção das minorias e ao desenvolvimento da cultura. Talvez assim seja possível trazer um pouco mais de abertura de espírito a muitos estados republicanos onde o independentismo, o isolacionismo e o fundamentalismo religioso ganham forças todos os dias.

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