terça-feira, 21 de abril de 2009

Partos Naturais Em Casa

Actualmente são cada vez mais as pessoas jovens a desejarem ter filhos em casa. O hospital é desumano e a nossa casa é bem mais acolhedora. Também existe uma cada vez maior publicidade a partos em casa. À primeira vista esta ideia é excelente. A mulher não precisaria de dividir quarto com estranhas, não precisaria de ficar num serviço de partos a ouvir os gritos de outras mulheres e teria uma sensação de conforto e privacidade excelentes em sua casa.

Eu também sou a favor de partos em casa mas só em condições especiais. Quando pensamos em partos caseiros não pensamos que os níveis de mortalidade infantil, em Portugal, diminuíram drasticamente após 1974 porque os partos deixaram de ser feitos em casa e começaram a ser feitos nos hospitais. O hospital pode ser um local pouco acolhedor mas é o local ideal para uma mulher ter filhos: qualquer problema relacionado com o parto pode ser rapidamente resolvido pelos médicos; qualquer problema relacionado com o recém-nascido pode receber atenção imediata dos especialistas. O que aconteceria se a mulher sofresse uma laceração vaginal (como acontece nos hospitais) e não tivesse cuidados imediatos? E se o bebé viesse ao mundo sem conseguir respirar e não se pudesse fazer nada para o salvar por falta de meios?

Actualmente algumas pessoas com maiores posses económicas conseguem ter os filhos em casa e assegurar o atendimento médico essencial. Podem ter uma ambulância à porta de casa que a leva imediatamente ao hospital em caso de complicações. No entanto, outros casais sem as mesmas posses, não conseguem assegurar a segurança clínica necessária para o parto. E o sistema de saúde não tem capacidade para assegurar este tipo de serviços. Quantas ambulâncias seriam necessárias se todas as mulheres tivessem os filhos em casa. Infelizmente a História esquece-se rapidamente.

O parto natural também é cada vez mais desejado pelas mulheres. Uma aluna minha, grávida, falou-me do desejo de querer ter o filho de parto natural. Comecei a rir do que ela disse e quando me perguntou a razão pela qual ria eu disse-lhe: espera pelas dores e depois falamos do parto natural. Curiosamente, aconteceu a mesma coisa, quando ela exprimiu este desejo à médica de família.

Para mim, que sou homem, dar à luz é muito simples: basta pressionar o interruptor. Não preciso gritar e quanto muito sinto um leve incómodo por ter de me levantar. Para uma mulher é bem mais complicado. Muitas mulheres querem ter partos naturais... até ao momento em que começam a sentir dores. Depois qualquer coisa é bem vinda.

Ironicamente lembro de um caso de uma parturiente que desde o primeiro dia que soube estar grávida desejava a tão mal afamada epidural. Era uma mulher que não se lembrava de ter dor de dentes, dores menstruais, dor de cabeça... nada. Enquanto outras mulheres andam a dizer que querem o "parto biológico" e acabam por receber anestesias, esta parturiente acabou por não receber nada. Perguntem-lhe a ela se o parto natural é preferível?

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