quinta-feira, 12 de junho de 2008

Prostituição e Discriminação Social - parte III

Qual a razão que nos leva a relegar as prostitutas para uma condição humana inferior? Quando faço esta pergunta parto do princípio que ao recusarmos uma cidadania plena a essas mulheres estamos, evidentemente, a relegá-las para uma condição de vida social inferior.

As razões que nos levam a fazer isto podem ser muitas. A prostituição, até certo ponto, pode colocar em risco a sobrevivência do núcleo familiar, com consequências óbvias para o bem estar da mulher e dos filhos. Um caso típico foi o que aconteceu em Bragança. O excesso de casas de alterne satisfazia as necessidades de uma população masculina desejosa de novidade, mulheres bonitas e variedade. No entanto, o aumento de casas de alterne e a proximidade às casas conjugais garantiu uma frequência mais assídua dos clientes com prejuízos óbvios para a esposa e outros membros da família.

Se repararmos, as grandes manifestantes contra as casas de alterne, em Bragança, não eram raparigas novas e solteiras ou divorciadas ou mulheres financeiramente independentes mas sim mulheres casadas e dependentes financeiramente do marido. Neste caso claro, o desejo de lucro económico das casas de alterne, colocou em causa a subsistência do núcleo familiar.

Com os protestos públicos, ao conseguirem obrigar essas casas a saírem para norte (Galiza) ou sul (guarda), promoveram o afastamento das casas de alterne às casas dos casais. Isto não aumentou o amor entre o casal ou diminuio a vontade de ser infiel com uma brasileira de 20 anos e olhos verdes. Mas diminui-o a capacidade dos clientes em serem tão assíduos. Foi o afastamento das casas de prostituição que garantiu a ordem pública e a segurança mínima às esposas e filhos. Muitas vezes, o desejo de variedade e inovação sexual por parte do homem coloca em risco a subsistência do casal. Muito provavelmente este desejo pela variedade se encontrará associado ao facto do homem não engravidar e evolutivamente ser mais vantajoso ter um maior número de parceiras.

Neste caso a prostituição coloca em risco a família monogâmica e a propriedade privada. Não admira que em sociedades onde a monogamia e a propriedade privada não existam a prostituição também não exista. A prostituição, ou o ódio que lhe temos, é também uma consequência do tipo de estrutura social que desenvolvemos.

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