sábado, 14 de junho de 2008

Prostituição e Discriminação Social- parte IV

A nível pessoal, existe, sempre muita relutância na aceitação da prostituição pois isso seria aceitar a ausência de sentimento na relação sexual. Também obrigaria aceitar um certo cinismo na forma como encaram o tão sagrado "amor romântico".

Em primeiro lugar temos a ausência de sentimento. Como vimos muitas mulheres que possam gostar de encontros sexuais furtivos são categorizadas como putas. No fundo, trocam algo sagrado como é o sexo por algo fútil como o prazer. Este aspecto é um pouco grave do meu ponto de vista, uma vez que não podemos falar de defesa dos direitos das mulheres sem lhes oferecer total liberdade sexual. E é mais grave uma vez que esta castração sexual é defendida por mulheres. Aceitar que o sexo possa ser "banal" a ponto de ser trocado por simples prazer é retirar-lhe todo o contexto sagrado no qual muitas mulheres depositam os seus sentimentos mais nobres.


Em segundo lugar temos a análise a que muitas mulheres se veriam obrigadas a fazer sob uma perspectiva mais cínica da forma como projectam os seus sentimentos em determinados homens. Está mais que provado que as mulheres demonstram preferência por homens com posses. Os homens ricos têm mais probabilidade de ter mais parceiras sexuais e de se casarem. No entanto, qual é a mulher, que admite publicamente que o dinheiro é um factor importante na escolha do parceiro? Muito poucas têm a devida honestidade para o fazer. Muitos estudos demonstram que as posses económicas são mais importantes do que outras como a formação moral do homem. Mas qual é a mulher que admite preferir o dinheiro do homem à sua formação moral? No fundo a prostituta personaliza todas aquelas características pessoais que não queremos aceitar.

Estes motivos pessoais e sociais são dos principais para compreendermos a rejeição social efectuada a essas mulheres. O que curiosamente não compreendemos é que se nos regêssemos por politicas económicas e sociais justas muitas mulheres não teriam de se prostituir e a prostituição diminuiria. Se, realmente, nos regêssemos por princípios morais universais (aplicados a todas as pessoas) então seria mais fácil evitar casos de exploração sexual. Isto iria permitir um decréscimo na oferta e facilitaria o acesso a prostitutas sem colocar em risco o núcleo familiar (não significa isto que eu defenda a infidelidade).

Aceitar e proteger as prostitutas permitiria dar mais formação e garantir a segurança sexual das mesmas eliminando o argumento de que a prostituição é uma fonte de risco para doenças sexualmente transmissíveis, quando na realidade o verdadeiro risco é a nossa inconsciência sexual. Acima de tudo, iria permitir-nos, combater de frente o nosso cinismo moral. No fundo vendemos a dignidade dessas mulheres em troca de uma compensação moral falsa de que somos pessoas condignas.

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