terça-feira, 10 de novembro de 2009

Virgem Maria e a essência da religião: fraude e ignorância científica

A virgem Maria é assim conhecida porque deu à luz Jesus Cristo sem ser fecundada por nenhum homem. Esta parvoíce é uma das crenças mais importantes para a Igreja Católica. O leitor deve estar ofendido pela minha falta de respeito pelas crenças religiosas. Se assim é fico com pena que não fique ofendido com a estupidificação de massas que estas crenças provocam. Este texto serve para estudar o tema da virgindade de Maria.

Basta um simples pensamento lógico para colocar em cheque esta idiotice: se Maria concebeu virgem como se pode dizer que Jesus vem da linhagem de David – essencial nas supostas profecias cristâs-? Como o pensamento crítico não abunda nas mentes religiosas decidi elaborar um texto ainda mais aprofundado sobre o tema.

Para facilitar este estudo iremos dividir este artigo em várias partes. Num primeira parte iremos discutir a virgindade de Maria de uma perspectiva biológica e numa segunda parte iremos abordar o problema da virgindade de Maria na Bíblia analisando as influências pagâs desta crença e as manipulações a que a Bíblia foi sujeita para se instituir esta parvoíce (lá estou eu a ofender as crenças cristâs!).

O que é necessário para uma mulher engravidar? Antes de tudo deve possuir um aparelho reprodutor (vulva, vagina, útero, ovários, etc…) e de seguida deve ter acesso a parceiros sexuais – do sexo oposto, evidentemente!

Todos os seres humanos possuem 2 cromossomas. O cromossoma X proveniente da mulher e os cromossomas X ou Y provenientes do Homem. Regra geral a presença de 2 cromossomas XX indica que é uma pessoa do sexo feminino enquanto que a combinação XY implica que é uma pessoa do sexo masculino. Existem outras variações que não interessam analisar neste artigo.

O problema dos cromossomas humanos é que nos dizem que para originar um novo ser humano necessitamos da contribuição de uma mulher e de um homem, algo que se incompatibiliza com a tradição cristâ. Cristo foi formado pela união de uma mulher com um Deus (tal como Alexandre Magno entre outros!). No entanto a existência de Cristo indica claramente que a contribuição genética veio de um homem.

Alguns religiosos, com pouca consciência do que acontece quando se tenta usar a ciência para provar a religião argumentaram que Cristo teria nascido por partenogénese. A partenogénese é um fenómeno biológico muito bem descrito. Significa que um embrião cresce e se desenvolve sem fecundação, ou seja, sem contribuição de outro dador sexual. Isto significaria que uma mulher teria uma filha sem ser fecundada por nenhum homem.

Tirando o facto que este fenómeno é extremamente comum em plantas e alguns insectos, muito raro noutros animais como peru ou dragão de Kómodo e nunca descrito na espécie humana, ele coloca grandes problemas à divindade ou mesmo existência de Cristo.

Em primeiro lugar se Cristo tivesse nascido por partenogénese, então, Maria nunca teria sido fecundada por Deus. Simplesmente teriam existido pressões ambientais e físicas (típicas de ilhas oceânicas onde se encontram a maioria das espécies que se reproduzem por partenogénese!) para que o útero da Virgem Maria tivesse aceite um embrião nunca fecundado originando um novo ser humano. Sendo um fenómeno biológico conhecido qual a razão da explicação divina? Ou seria isto mais uma nova versão das formigas de fogo e o deus da ignorância? De qualquer forma não existem relatos dos apóstolos ou de ninguém na Bíblia que nos leve a crer na sua virgindade (como veremos mais à frente!)

Em segundo lugar a partenogénese é um argumento que coloca em causa a existência de Cristo. Se Maria originou um novo ser humano por partenogénese, então, só existiu contribuição genética de Maria. Se o novo ser humano só recebeu contribuição genética de Maria, então, deve ser geneticamente idêntico a Maria. O novo ser humano seria uma versão recêm-nascida da Maria e nunca um homem. Em adulto seria idêntico a Maria e seria… uma mulher (blasfémia!). O facto de Cristo ser um homem indica claramente a existência de um cromossoma Y e a contribuição de um homem na sua geração… como de resto acontece para todos os homens. Mesmo para aqueles que nisto não querem acreditar.

Sob o ponto de vista biológico uma mulher dar origem a um bebé do sexo masculino sem ser fecundada por um homem viola todas as leis de reprodução por nós conhecidas. No mundo da religião a violação das leis da física ou da biologia são comuns pelo que quando mencionamos este problema, muitas das pessoas parecem não se importar. Efectivamente, não é dada a importância devida aos conhecimentos científicos. Como tal além da ciência seria interessante abordar o que a Bíblia diz acerca do fenómeno da virgindade de Maria.

Na Bíblia traduziu-se o termo hebraico almah por virgem, permitindo a Mateus inventar mais uma profecia e à Igreja Católica manter esta aldrabice pegada. Digo aldrabice porque almah não significa virgem mas sim rapariga. E rapariga não implica que seja virgem; implica unicamente que seja nova.

Curiosamente, de acordo com Rodríguez, todas as outras almahs da Bíblia foram traduzidas como raparigas ou algum sinónimo (virgem não é sinónimo). Por exemplo, nos Prov. 30, 18-19 é dito:

«Três coisas me espantam e há uma quarta que não alcanço: o rasto de águia nos ares, o rasto da serpente sobre a rocha, o rasto do navio no meio do mar e o rasto do homem na moçoila»[i]

No Cântico dos cânticos é escrito:

«Setenta são as rainhas, oitenta as concubinas, e inúmeras as moçoilas»[ii]

Por outras palavras: a virgem Maria é uma invenção baseada na manipulação dos textos bíblicos (os textos que são a palavra de Deus e que a Igreja muito gosta de manipular!).

Outro aspecto importante relativamente à virgindade de Maria consiste no facto dos apóstolos não se terem apercebido da mesma. Tirando as invenções de Mateus e uma lembrança rápida em Lucas, baseada no evangelho de Mateus, parece que mais ninguém se apercebeu da virgindade de Maria. Nem Cristo, nem os apóstolos e muito menos os irmãos e irmãs de Cristo.

Foram influências pagâs posteriores que criaram o mito da virgindade de Maria. E isto aconteceu após a vida dos redactores neotestamentários. Nem São Paulo, que nunca foi um discípulo directo aborda o problema da virgindade. Ele nunca se colocava. Toda a gente conhecia Maria e os seus filhos e filhas (Cristo incluído!). Ou acham mesmo possível que uma virgem desse à luz e não se mencionasse esse “milagre”?

Várias passagens bíblicas são demonstrativas da existência de irmãos e irmâs de Cristo. Em Mateus 13, 54-58, os nomes deles são revelados:

«Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e Tiago e José, Simão e Judas não seus irmãos? E suas irmãs não continuam todas a viver no meio de nós?»[iii]

Além destas e doutras passagens onde são referidos os irmãos e irmãs de Cristo, Lucas também se refere a Cristo como o primogénito o que não teria lógica sendo ele filho único e Sâo Paulo refere que esteve com «Tiago, irmão do Senhor»[iv].

Como Rodriguez escreve ironizando:

«Esse o motivo por que os apóstolos (pobres homens!) nunca puderam honrar a Virgem Maria tal como a Igreja romana acabou por ordenar que se fizesse e, o que é mais lamentável ainda, morreram ignorando que os irmãos carnais, que conheceram e com os quais haviam convivido, não tinham sido o que haviam pensado, mas tão só e apenas primos»[v].

BIBLIOGRAFIA

RODRÌGUEZ, Pepe; Mentiras Fundamentais da Igreja Católica: como a Bíblia foi manipulada; Ed. Terramar, 1ª edição, Lisboa, 2001

NOTAS FINAIS


[i] Rodriguez, pág. 131

[ii] Rodriguez, 131

[iii] Rodriguez 137

[iv] Rodriguez 139

[v] Rodriguez, 136

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