terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

As primárias norte-americanas - parte II

Em terceiro lugar, os democratas estão numa luta renhida e a grande adesão às urnas, com o empate final, mostra que não tem união quanto ao seu candidato favorito. Isto significa que nenhum dos vencedores das primárias terá os votos garantidos do seu opositor. Os democratas estão numa luta entre uma mulher presidente ou um negro. A sua corrida está a transformar-se mais num espectáculo de minorias reprimidas do que numa corrida presidencial. Isto não significa que estes candidatos não tenham ideias boas e idoneidade, significa que é mais uma corrida utópica que realista. Sem dúvida, que uma das formas de um destes concorrentes vencer será apelando à santa lenda da “América como o país dos sonhos”. Mas não creio que será suficiente. Ou então associarem-se. Hillary e Obama (um como presidente e outro como vice-presidente, independentemente da ordem de apresentação), juntos, têm a capacidade de derrotar McCain. Mas separados serão derrotados. A questão é de saber até que ponto é viável a sua parceria. Poderá a sua luta desgastar o partido Democrata e afectar as presidenciais? As feridas abertas entre os 2 poderão ser realmente sanadas?

Em quarto lugar, como referido acima, a corrida presidencial realizar-se-á entre um republicano moderado, tipicamente americano e, apesar de velho, herói de guerra e entre uma mulher democrata ou um negro democrata. Os votos republicanos estão garantidos para McCain. Os votos democratas irão ser disputados. Aqueles que votam em hillary, caso esta perca, terão de pensar, seriamente, se querem um negro na presidência ou um republicano moderado. A derrota de Hillary irá retirar votos a Obama da comunidade hispânica e de alguns grupos feministas. Aqueles que votam em Obama terão de pensar se querem uma mulher presidente ou um republicano moderado. A derrota de Obama poderá tirar muitos votos da comunidade negra. A corrida presidencial será definida nestes termos. Apesar de o desejar, não creio que a América esteja pronta para ter uma mulher ou um negro como presidentes.

O meu candidato favorito é Obama. Manteve-se fora da guerra do Iraque e não tem problemas em dizer que dialogará com a Síria ou o Irão, o que, na minha opinião, é essencial para se atingir a estabilidade no médio oriente. Também creio que seja o melhor candidato para definir uma relação euro-atlântica mais forte e coesa. Mas, neste momento, não tenho dúvidas de que McCain será o próximo presidente norte-americano.

Gostaria, para finalizar, de realçar um elemento que acho extremamente importante. A derrota expressiva dos conservadores e facções fundamentalistas. Os americanos estão apostados em ter um presidente democrata ou um republicano moderado. Isto significa que estão fartos das politicas neoconservadoras ou das politicas induzidas pelos fundamentalistas cristãos, que tanto poder detêm junto dos republicanos. Esperemos que se mantenham assim durante muitos anos. De preferência para sempre.

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