sábado, 16 de fevereiro de 2008

Poderei eu ser clonado?

A clonagem é, hoje em dia, um dos assuntos que mais atemoriza o ser humano. Uma das maiores conquistas científicas do ser humano tem também o poder de se tornar uma das grandes maldições. Este artigo não tem como objectivo avaliar os diferentes diferendos éticos acerca da clonagem ou das suas aplicações. Pretendo sim responder a uma questão muito simples: poderemos nós ser clonados? Poderemos clonar um ser humano e torná-lo exactamente idêntico a outro ser humano?

Clonar seres humanos é possível e provavelmente já alguém o fez às escondidas do escrutínio público. Mas clonar seres humanos não é a mesma coisa que fazer um ser humano exactamente idêntico. Apesar de ser possível clonar o meu DNA (ou ADN em português) não é possível criar outra pessoa exactamente idêntica a mim. Porquê?

São várias as razões que sustentam esta afirmação: em primeiro lugar a clonagem não leva em linha de conta as influências hormonais durante a gravidez. Os fetos e embriões são sujeitos a diferentes concentrações hormonais, importantes para o seu desenvolvimento, que estão dependentes de outros factores como estados de ansiedade da mulher grávida, hábitos de vida como hábitos tabágicos ou hábitos alimentares, etc… Os estados de ansiedade e tristeza da minha mãe poderiam ser enormes se o meu pai morresse, atropelado por um bêbado, durante a gravidez. A bebedeira desse condutor poderá ser desencadeada por uma série de factores que escapam ao poder de intervenção dos genes.

Durante o crescimento da criança diferentes hábitos de vida e sistemas sociais onde esta se inclua podem ter implicações sérias na formulação da sua identidade. O seu comportamento e a sua biologia podem sofrer alterações devido a isso.

Uma crise económica pode colocar em causa uma alimentação suficiente para o desenvolvimento da criança. Isso pode ter implicações sérias no seu desenvolvimento futuro. O despedimento de um dos conjugues ou a descoberta de uma infidelidade no casal pode alterar muito a estabilidade do casal e com isso prejudicar o desenvolvimento da criança.

No fundo importa reter que cada um de nós é o resultado de uma mistura complexa, não quantificável, de diversos factores biológicos (genética, embriologia, comportamentos evolutivos), ecológicos (ambiente, poluição, doenças), sociais (económicos, criminalidade), culturais (ideologias politicas, indução de comportamentos, criação de tabus culturais) e espirituais (crenças religiosas, definição de comportamentos com grande influência em todas as esferas de vivência humana).

Eu sou único na medida em que é impossível criar todas as condições idênticas àquelas que me conduziram a uma determinada identidade física, emocional e cultural. Eu, tal como os leitores, somos incopiáveis. A nossa autenticidade é inviolável. Obviamente que isto não torna o problema da clonagem menos complicado eticamente. Mas torna cada um de nós mais especial

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