Mas a ciência não é feita, somente, de ideias criativas. O fundamento existencialista da ciência está no método que utiliza para avaliar a validade dessas ideias. Já muitos cientistas tiveram novas ideias para contrapor à teoria da relatividade geral. Mas o método científico disse que essas ideias não correspondiam ao observado nem conseguiam prever ou explicar fenómenos tão bem quanto a teoria da relatividade geral.
É aqui que entra a tão famosa falta de abertura de espírito dos cientistas. Novamente falam-se linguagens diferentes. Para um astrólogo os cientistas têm falta de abertura de espírito mas para um cientista a questão é mais prática e pode colocar-se numa simples questão: consegue provar-se? Uma afirmação que não seja possível provar não tem valor científico. Por isso a ciência choca tanto com a teologia ou outros movimentos ideológicos que se baseiam em crenças que não podem ser comprovadas.
Vamos criar outro exemplo: eu e o leitor somos 2 cientistas de topo de uma espécie extra-terrestre que descobre uma espécie totalmente nova. Alguns seres conscientes dessa espécie dizem-nos que existe uma energia a fluir dos planetas e que tem influência na vida das pessoas. Influência na sua personalidade, nos seus negócios, na sua vida amorosa, etc… Agora ficamos os 2 pasmados porque nunca tínhamos ouvido nada de semelhante e desejamos saber se é verdade ou não. Caso seja verdade podemos descobrir algo de excepcional que vai catapultar os nossos nomes para a fama dos grandes génios da nossa espécie.
Como não sabemos que tipo de energia é, muito provavelmente os nossos instrumentos não servirão para nada. Eles não estão feitos para detectar esse tipo de energias. Então decidimos dar o nosso primeiro passo: fazer perguntas sobre essa energia: como sabem que existe? Que previsões conseguem fazer com ela? Já explicaram a sua natureza? Etc…
Acabamos por descobrir que eles não sabem se ela existe. Os nossos novos amigos, acreditam que essa energia existe. Mas nem sabem se ela existe nem sabem explicar a sua natureza.
“Bem, mas pelo menos conseguem fazer previsões?” – interrogamo-nos, já a pensar se não vamos afundar as nossas carreiras em crenças vazias de sentido.
Apesar de não sabermos nada sobre essa energia podemos analisar as suas consequências na natureza. Afinal de contas, nunca ninguém viu a força nuclear forte, ou a gravidade. Sabemos que existe porque conseguimos analisar os seus efeitos no mundo. “Então vamos analisar os seus efeitos no mundo” - acordámos.
Mas quando começamos a estudar os seus efeitos observamos que eles não existem. Pura e simplesmente é impossível predizer qualquer evento futuro recorrendo à Astrologia. A Astrologia pode prever que vão existir momentos de grande tensão internacional nos próximos 100 anos. Mas qualquer pessoa que saiba um pouco de relações internacionais sabe que todo o sistema é feito de tensão e basta analisar a actualidade para se prever ou alterar um pouco do futuro. Então a Astrologia não consegue explicar NADA.
A nível pessoal continua a mesma coisa. Casamentos e divórcios em nada se relacionam com os signos. As diferentes características pessoais destoam do que dizem os signos. Passado um tempo, as provas de fraude são tão grandes que nem vale a pena perder mais tempo com isso. Eu posso prever que o leitor vai fazer uma viagem daqui a pouco tempo. Mas isso também pode o leitor prever ou qualquer outra pessoa, sem necessitar de ajuda de cartas ou astros. Prever o momento exacto da viagem, o local de destino, o tempo de duração da viagem, etc… isso é que é fazer previsões. Mas esse tipo de previsões, ninguém consegue fazer, com excepção do leitor e não sem uma boa margem de erro (quem sabe não é atropelado a caminho do aeroporto!)
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