sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Ciência: Abertura de espírito e falta de imaginação - parte III

No fundo este é o método de trabalho pelo qual tantos cientistas são caluniados como “falta de abertura de espírito”. No entanto, até ao momento falei unicamente de uma visão ideal. No mundo real, os cientistas são pessoas que também possuem os seus níveis de crenças e que muitas vezes perdem objectividade científica.

Recentemente saiu uma crítica a um artigo científico onde se demonstrava a falta de eficácia da homeopatia. Essa crítica sustentava que os autores tinham sido induzidos pelas suas crenças em relação à homeopatia e que os estudos seleccionados mostravam que esta tinha obtido tão bom resultado quanto os medicamentos ocidentais.



A homeopatia continua a dar que falar, mas ainda não convenceu a comunidade científica. Continuam a existir poucos estudos a favor e muitos contra. A Astrologia continua com uma falta crónica de provas a sustentá-la. A leitura das linhas das mãos é agora totalmente desacreditada e obrigada a sobreviver a custo nas feiras (apesar de desacreditada ainda é engraçada!).

Poder-se-ia argumentar que são as crenças pessoais dos cientistas que os impedem de ver os resultados da homeopatia. Ironicamente este argumento falha… por falta de criatividade. Uma verdade científica não tem valor porque um cientista assim deseja. É preciso convencer toda a comunidade. E toda a comunidade implica uma série de pessoas com ideias diferentes. Os médicos que primeiro defenderam a origem viral das úlceras gástricas foram gozados. 20 anos depois foram nobelizados. Quando Einstein criou a teoria da relatividade geral, a comunidade científica não se levantou em ovação. Na realidade nem um Nobel recebeu por essa descoberta.

Foram anos de observação e experimentação por diferentes pessoas de diferentes países e culturas que deram validade ou tiraram crédito às diferentes teorias e crenças. E áreas como a Astrologia, a Cartomancia e outras foram sistematicamente perdendo credibilidade.

Além dos factores individuais podem existir outros que procuram usar a ciência em vez de fazer ciência. Os dados científicos podem ser manipulados consoante o interesse de grupos poderosos e quanto mais poder tiver um grupo maior capacidade terá de manipular dados. Estes dados manipulados podem ser relevantes no sentido de condicionar as crenças ou conhecimentos de muitos cientistas. Isto é particularmente doloroso no que concerne à ciência médica onde dados científicos se confundem, muitas vezes, com dados que servem interesses financeiros.

A acupuntura era vudu, para a Ordem dos Médicos (apesar de já existirem estudos a comprovar a sua eficácia) e só deixou de ser vudu quando surgiu a Associação de Acupunctura Médica Portuguesa. A empresa que “descobriu” a utilidade das isoflavonas no tratamento de síndrome pós-menopáusico teve de se confrontar com estudos que indicavam que as isoflavonas provocavam cancro do útero. Estes estudos tinham sido feitos por uma empresa rival. Sem esquecermos o escândalo, com alguns anos, quando foi noticiado que o estado português gastava milhões de contos (período pré-euro!) por ano em medicamentos que, já se provara, não serviam para nada. No entanto para serem comercializados esses medicamentos tiveram de passar uma bateria de testes científicos que atestavam a sua eficácia.

Outro exemplo, mais actual e potenciador de grandes conflitos, diz respeito ao aquecimento global. Ninguêm consegue dizer que o homem foi o principal responsável pelo aquecimento global, ou qual o grau de contribuição humana para o aumento da temperatura. Dados científicos provenientes de diferentes áreas, desde a demografia dos ursos polares a calotes de gelo, tem sido manipulados de forma a infundir medo e a tentar provar algo que pura e simplesmente não é possível provar-se. Na medida em que se manipulam alguns dados não se dá atenção a outros, como o aumento de temperatura e o degelo polar marcianos.

No entanto, isto não é ciência. Não devemos nunca confundir o cientista que busca a verdade do político que usa a ciência como arma de arremesso… mesmo que esse político também seja cientista.

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