domingo, 24 de agosto de 2008

Escravos modernos: filhos de Deus ou filhos da Puta

Faz coisa de um ano começaram a sair noticias sobre portugueses imigrantes sujeitos à escravatura noutros países como Espanha e Luxemburgo. As pessoas eram presas e obrigadas a trabalhar horas a fio, sem condições, para receberem comida e doses consideráveis de porrada.

Outra forma de escravidão que tem assolado a Europa é a escravidão sexual, especialmente, proveniente dos países de leste. Mulheres são raptadas, vendidas, violadas e finalmente, ensinadas a prostituírem-se. Ainda há bem pouco tempo uma rede portuguesa que raptava mulheres em Portugal para as vender em Espanha foi desmantelada. Muitas das mulheres testemunharam os horrores que passaram, em tribunal. Os culpados foram presos e 2 anos depois já se passeavam livremente e ameaçavam as suas vítimas.



Mas este texto não é para falar da escravidão laboral ou da escravidão sexual que são ambas condenadas judicialmente. Quero falar-vos de uma nova forma de escravidão que assola as nações desenvolvidas do ocidente: a escravidão futebolística.

Segundo Blatter e Ronaldo (que devia aprender a jogar mais e a falar menos) existe escravidão no futebol europeu. E Ronaldo é um escravo. Depois de ter de assinar um contrato milionário por livre iniciativa vai ter de o cumprir. Onde é que isto já se viu? Quem pode imaginar uma coisa destas? Um jogador de futebol ser obrigado a cumprir um contrato assinado livremente pelo mesmo? Ainda por cima num desporto verdadeiramente abichanado onde 22 jogadores, em calções, andam atrás das bolas.

Eu até compreendo a revolta que algumas pessoas possam sentir quando ouvem isto. Imagino que após trabalhar horas infindáveis por semana para ganhar o suficiente para pagar a casa, a alimentação e a escola aos filhos, seja frustrante ver um palhacinho que, por correr muito ganha mais num mês do que nós em 10 anos de trabalho, tem as mulheres e mordomias que quer e pode tirar férias em iates de luxo.

No fundo essas pessoas têm é inveja. Será que compreendemos a pressão subjacente à marca de uma grande penalidade num jogo de futebol? E a pressão a que estamos sujeitos quando temos contrato milionário num clube e outro clube vem oferecer um contrato ainda mais milionário? Nós não sabemos o que é isso. Porque não somos escravos do futebol. Na realidade muitos de nós são responsáveis por pagar somas obscenas a estes parvinhos que se não fosse o futebol nem nas obras teriam habilitações para trabalhar.

O que importa reter é que o génio de Blatter descobriu uma nova forma de escravidão. Quando comparado com as escravas sexuais ou os escravos laborais que já falei só me vem uma ideia à cabeça: à escravos que são filhos de Deus enquanto a maioria são filhos da Puta. Ora foda-se.

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