sexta-feira, 29 de maio de 2009

Carta do Senso Comum ao Juiz Gouveia de Barros

Diga-me como é possível Sr. Juiz? Uma criança que viveu com uma família, que a amou, durante 4 anos é assim retirada da família para um canto obscuro da Rússia onde encontra uma mãe que lhe bate e lhe dá cerveja como pequeno almoço? Desde quando se tira uma criança de um lar estável para se a enterrar nos braços de uma alcoólica que a abandonou? DESDE QUANDO??? Diga-me lá Sr.º Juiz?

E que consciência é a sua que permitiu esta ofensa grotesca ao bom senso? Não é preciso nenhum curso de Direito para se perceber que a criança deveria ter ficado com a família de acolhimento. E SE FOI A FAMÍLIA DE ACOLHIMENTO QUE A AMOU, ENTÃO, ESSA É A SUA VERDADEIRA FAMÍLIA.

Será que o Sr.º Juiz não tem inteligência suficiente para perceber isto? A si só tenho uma coisa a dizer: DEMITA-SE E VÁ VIVER NAS CONDIÇÕES A QUE CONDENOU ESSA CRIANÇA. VÁ LEVAR PORRADA ENQUANTO GRITA E CHORA POR AQUELES QUE AMA E BEBER CERVEJA AO PEQUENO-ALMOÇO. E acima de tudo faça todos os possíveis para não voltar a Portugal.

Como é possível, Sr.º Juiz, que até a comunidade russa e ucraniana imigrada em Portugal esteja a favor da família de acolhimento? Como é que isto é possível? Até que ponto é que a justiça portuguesa e a sua consciência se encontrem tão desfasadas do senso comum e da humanidade mais básica? Sua Excelência afirmou que "não existem mães perfeitas e que Natália é a mãe possível"(1). Mas as suas afirmações não acabam por aqui. Na mesma entrevista ainda declarou: "Limitei-me a avaliar um processo, nunca vi ou falei com os intervenientes. Confiei nas avaliações dos técnicos portugueses e dos técnicos russos...Julguei de acordo com o que era a minha consciência"

Como é possível, depois de ver as imagens da mãe (?) a bater na menina e de ver a miséria a que condenou aquela criança, dizer que Natália é a mãe possível? A menina tinha uma mãe que a tratava com um mínimo de amor e lhe oferecia condições de vida bem melhores. Como é possível afirmar esta barbaridade?

Como é que sua Excelência decide o futuro de uma criança sem falar com os intervenientes? Sem ver as condições em que ela vivia ou em que ela iria viver? Limitou-se a confiar na opinião dos técnicos (e que merda de técnicos provaram ser!)? Isto demonstra UM DESLEIXE FENOMENAL da sua parte, ainda mais sabendo que está em causa uma vida humana. O Senhor nem se lembrou que a menina nem sabia falar russo? QUALQUER AMADOR FARIA MELHOR TRABALHO QUE SUA EXCELÊNCIA QUE DESONROU A SUA CLASSE PROFISSIONAL.

Como é possível que toda a gente que conhecia a mãe biológica sabia que ela era uma bêbeda e essa informação não lhe chegou (?) aos ouvidos? Eu também gostaria de saber se essa criança poderá agora ser devolvida à sua verdadeira família? Sim Sr.º Juiz, FAMÍLIA É AQUELA QUE AMA, QUE SE DEDICA, QUE EDUCA, e não aquela que DÁ UMA QUECA E ABANDONA CRIANÇAS INDEFESAS A ESTE MUNDO DE JUIZES CHEIOS DE CONSCIÊNCIA. Porque de acordo com a lei russa, aquela criança que NASCEU EM PORTUGAL E QUE SÓ FALA PORTUGUÊS, só pode ser adoptada por outra família russa. Teremos agora de esperar que algum colega russo tenha o bom senso que faltou a sua Excelência?

Mas eu ainda tenho uma última coisa a dizer-lhe: é que caso não saiba, o senhor condenou esta menina a uma tortura física e psicológica desumana que as pessoas ainda não se aperceberam. Sua Excelência enviou-a para um país onde existe a maior rede de tráfico de mulheres. Onde o sonho das meninas deixou de ser "quero ser médica ou astronauta" e passou a ser "quero ser prostituta e ver o pretty women". Sim, o maior comércio ilícito de tráfico de mulheres começou após a queda do muro de Berlim e das políticas desastrosas do Banco Mundial e afectou milhões de mulheres russas e continuará a afectar nos próximos anos, outros milhões. E PARA SABER ISTO BASTA UM POUCO DE CULTURA GERAL, NÃO É PRECISO NENHUM CURSO DE DIREITO.

Mas quem sabe, Srº Exc.º Juiz, quem sabe se essa menina ainda não volta para Portugal daqui a uns anos. Quem sabe vem bêbeda como a mãe, revoltada com a vida, sem valores familiares e humanos e desconfiada da sociedade. Quem sabe o Sr.º Juiz ainda não venha a ser um cliente assíduo dessa menina outrora inocente.

NOTAS
(1) http://www.correiomanha.pt/noticia.aspx?contentid=D21A9BE3-D9A5-426A-B5D6-786B01278C7C&channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009

4 comentários:

  1. Em primeiro lugar, dizer que Portugal é melhor que a Rússia é no mínimo parvo. A Rússia faz parte do G-8. Foram russos os primeiros a chegar ao espaço. Têm energia nuclear, grandes poetas, bailarinos, tenistas, intelectuais.... São um povo cultural e intelectualmente superior a nós, sem sombra de dúvidas. Sempre foram e hão-de continuar a sê-lo. O estado actual da economia russa é claramente transitório. Em Barcelos, que me conste, não há mais que papas de sarrabulho e uma feira a meio da semana. Depois, a criança é russa, não é portuguesa e as pessoas têm direito a preservar a sua identidade biológica e cultural. Obviamente é na Rússia que deve ficar e é aos russos que cabe decidir o seu futuro. Essas "teorias" são regras de uma coisa que se chama Direito Internacional. Há livros sobre isso para quem se quiser esclarecer. Ficam é em prateleiras diferentes dos da Margarida Rebelo Pinto e da Fátima Lopes. De resto e para ser muito sucinta, deve haver um limite para os ignorantes terem direito a pronunciar-se e a desrespeitar as pessoas. Neste caso, o limite foi claramente ultrapassado. Primeiro, porque o Sr. Juiz só viu a menina na Rússia depois de ter escrito a decisão. Por isso não tinha visto essas coisas quando decidiu. Se não viu nem falou com as pessoas e se baseou nos relatórios, é tão simplesmente porque é assim que dita a lei. Sempre foi desde que há tribunais superiores em Portugal e se alguém quer que deixe de ser, vai ter que se candidatar ao Parlamento e mudar a lei. Meu caro, dificilmente voltarei a ler outro escrito em que se me afigure mais adequado comentar: "Santa Ignorância!..."

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  2. Boas Maria
    Vai-me desculpar mas o seu comentário assemelha-se a um Picasso com esclerose múltipla.
    Eu nunca disse que Portugal é melhor que a Rússia. Eu disse que a criança estava melhor com a família portuguesa que a acolheu e amou, ao contrário da mãe que a abandonou e que é uma alcoólica (se ainda não percebeu isso aconselho seriamente testes de QI. Pode ser que sofra de paralisia cerebral!) Já agora o que é que interessa se a Rússia pertence ao G8 quando os níveis de mortalidade por alcoolismo aumentam dramaticamente? O que interessa se foram os primeiros a ir para o espaço se as mulheres russas são usadas como carne de canhão para bordeis ocidentais? O que interessa se tiveram grandes poetas quando os seus intelectuais morrem de fome e são obrigados a imigrar? Ou não terá ouvido casos de cirurgiões a trabalhar nas obras? Sem dúvida que a Rússia foi e irá tornar-se novamente uma grande potência mundial. Mas se quer falar de história não se esqueça de Lenine ou dos 60 milhões de mortos que acompanham Estaline ou dos Gulags.
    O estado da economia russa é transitório, sem dúvida. Mas essa transição vai demorar décadas caso não tenha percebido (já sei nem a Fátima Lopes, nem a Margarida Rebelo Pinto falam destas coisas. Aconselho Joseph Stiglitz!). E o que conta é que neste momento retirámos uma criança que era amada e acarinhada pela família para a enviar para o cu de judas para ser educadas por bebados e posteriormente, quem sabe, explorada pela redes mafiosas que dominam o país. E já agora aconselho seriamente a anallisar a questão da educação das crianças na Rússia. Quem sabe depois disso deixa de dizer tantas baboseiras.
    Depois ainda mandou uma jarda absolutamente estúpida: "as pessoas têm direito a preservar a sua identidade biológica e cultural". Tenho uma pergunta: você nasceu estúpida ou tirou algum curso? Acha mesmo que a criança ia perder a sua identidade biológica por ser educada em Portugal? Deixe-me adivinhar: ia transformar-se em sapo hermafrodita. E quanto à identidade cultural? Esta é demais. A identidade cultural ganha-se, apreende-se. O que se fez foi retirar a criança de um ambiente cultural ao qual estava adaptada para se inserir noutro completamente desumano. Com a sua inteligência você só pode trabalhar para o Ministério da Justiça, ou então, da Educação.
    A Fátima Lopes já escreveu livros? Nem sabia disso. Presumo que tenha sido nas obras delas que tenha aprendido a mandar bocas parvas. Mas enfim, por esta altura já estou acostumado.
    Mas desculpe dona excelência, porque questiono o direito internacional em benefício de uma criança, peço desculpa se acuso a nossa justiça de incompetência porque enviam uma criança para a Rússia sem saber para onde a vão enviar, peço imensa desculpa por tudo isso.
    Quanto à Santa ignorância devo dizer que não me admirou minimamente ve-la a santificar algo como a ignorância. Mas enfim cada um com os seus santos. Perdoe-me mais esta invectiva: quem sabe ainda sou acusado de discriminação religiosa.

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  3. Maria (poderei tratá-la pelo nome próprio?).
    Devo dizer que não concordo com o tom usado pelo Advogado na resposta que lhe deu. Por isso achei que deveria intervir.
    Decerto a Maria acha parvo comentar-se um texto em Português quando não se compreende a língua. Se reparar o Advogado do diabo nunca fez comparações literárias, cientificas ou tecnológicas entre Portugal e Rússia.
    o texto fala somente do desumanismo com que este processo foi conduzido e das más decisões que foram feitas.
    Relativamente à nacionalidade da menina eu não tenho a certeza mas creio que ela terá nascido em Portugal pelo que não será totalmente russa. Em segundo lugar ela foi adoptada e educada em Portugal.
    Também gostaria de levantar algumas questões relativamente à identidade cultural que, pessoalmente, acho totalmente descabida neste caso. A Maria usaria este argumento se falássemos dos hábitos culturais da clitoridectomia em África? Ou do hábito cultural que os homens muçulmanos tem em bater nas mulheres? E do hábito cultural e religioso dos muçulmanos em casarem com meninas de 9 anos?
    O nosso mundo globalizado manda que analisemos com cuidado estes problemas e não nos baseamos em discursos superficiais.
    A questão que fica é simples: essa menina era mais bem tratada em Portugal ou na Rússia? Tinha mais condições e melhor qualidade de vida em Portugal ou na Rússia? Acha correcto decidir-se o futuro de uma criança com a leviandade com que este processo foi conduzido? Acha que temos direito a sentir-nos repugnados perante tal caso e a criticar a justiça portuguesa?
    Decerto notou que para responder a estas questões não é necessário falar na ida ao espaço, nos escritores russos (Portugal também tem bons escritores!) ou nos reactores nucleares russos.

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  4. até já alterei uns pequenos pormenores no texto. lolol

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