sábado, 1 de março de 2008

Bissexualidade: a verdadeira essência do Homem

A religião sempre tentou definir o nosso comportamento sexual. A heterossexualidade era a prática aceitável aos olhos de Deus. A homossexualidade seria uma abominação e a bissexualidade…. Algo que ninguém fala muito. As pessoas têm tendência para se definirem como homossexuais ou como heterossexuais quando na realidade podem bem ser bissexuais. Um homem casado com uma mulher descobre aos 40 anos estar apaixonado por outro homem. Isto faz dele um homossexual? Ou fará dele um bissexual?

Existem muitos homens e mulheres homossexuais que a determinada altura se apaixonam por alguém do sexo oposto e vice-versa. A grande maioria das pessoas “catalogadas” como homossexuais já tiveram experiências heterossexuais ou irão ter no futuro. O mesmo acontece com pessoas “catalogadas” como heterossexuais. Isto faz deles heterossexuais, homossexuais ou bissexuais?

A minha teoria é simples: o comportamento sexual normal e evolutivamente mais vantajoso é a bissexualidade. A heterossexualidade e a homossexualidade são variações extremas desse comportamento. Não digo que todos os heterossexuais vão passar por relações homossexuais. Mas afirmo que, dadas as circunstâncias certas, o poderemos fazer. E afirmo que essa foi uma das grandes vantagens evolutivas da nossa espécie.



A bissexualidade não compromete a procriação e a sobrevivência dos nossos genes e aumenta a coesão grupal aumentando simultaneamente as hipóteses de sobrevivência dos filhos.



Homens ou mulheres que nasçam com preferências homossexuais e nunca tenham relações com parceiros do sexo oposto não reproduzem. Excepção feita aos casos de violação onde a vítima (regra geral do sexo feminino) é obrigada a ter sexo. A procriação é conseguida através do desejo sentido pelo outro sexo. Então a heterossexualidade terá uma vantagem evolutiva relativamente há homossexualidade. Isto pode ajudar a explicar porque se encontram mais pessoas heterossexuais do que homossexuais. Os “homossexuais puros” não reproduzem.

Exemplos da coesão grupal associados à bissexualidade são bem conhecidos da Grécia Antiga com Alexandre o Grande, por exemplo. Alexandre tinha amantes militares do sexo masculino e casou-se com uma mulher. A Grécia é rica em exemplos de bissexualidade e na forma como ela pode aumentar a coesão entre famílias sem colocar em risco a sobrevivência da família em si.

No entanto, a heterossexualidade não é garante de coesão grupal. Pelo contrário pode ser um garante de disputas intra-grupais ou extra-grupais. Estas disputas podem destruir recursos necessários à sobrevivência da tribo, colocar a vida dos filhos em risco ou a própria sobrevivência da tribo como um todo.

A bissexualidade pode ajudar a aumentar a coesão grupal. A infidelidade com membros extra-casal do mesmo sexo pode aumentar a proximidade entre essas 2 pessoas. Essa proximidade pode garantir protecção extra para os filhos e os membros do casal assim como alimentos extra. Segundo se pensa, a nossa espécie, foi durante um longo período de tempo formada por grupos de caçadores-recolectores. O grupo de caça era também o grupo de guerra, formado por homens. O grupo colector, o verdadeiro sustento da tribo, seria formado, principalmente por mulheres.

Isto explicaria a presença da homossexualidade não pura (consideremos homossexualidade pura como uma pessoa que só teve interesses sexuais por pessoas do mesmo sexo durante toda a vida) em todas as sociedades em todas as alturas.

A formação de ligações emocionais entre homens caçadores ou entre mulheres recolectoras poderia fortalecer os laços familiares, criar novas estruturas de poder dentro da tribo, aumentar a inter-ajuda em períodos de escassez de alimentos de recolecção ou caça. Aumentando a coesão intra-grupal eliminava-se ou atenuava-se potenciais conflitos potencialmente danosos. Por outro lado aumentava o número de pessoas interessadas no nosso bem estar e, consequentemente, no bem estar dos nossos filhos.

Por outro lado as “infidelidades extra-conjugais” nunca colocariam em risco os recursos que se obtêm para os próprios filhos uma vez que não seriam relações reprodutivas.

Até certo ponto poderiam ser relações permitidas em certas circunstâncias. Extremamente interessante e que serve de defesa ao meu argumento é o facto de existirem várias manifestações homossexuais em jogos maioritariamente masculinos. Quando uma equipa de futebol celebra um golo os jogadores abraçam-se, apalpam-se, beijam-se e, por vezes, simulam actos sexuais. Este comportamento é aceite, mesmo pelas pessoas mais homofóbicas, dentro de um campo de futebol. Noutros desportos extremamente masculinos, que simulam jogos de equipa necessários na guerra e na caça, acontece o mesmo.

Foi esta coesão grupal que facilitou a sobrevivência de muitos grupos humanos. O que mais me apraz nesta teoria é que, se tiver certa, mostra que os comportamentos “heterossexuais puros” ou “homossexuais puros” são desvios à sexualidade humana considerada normal por grupos humanos primitivos.

No entanto devo tentar responder a uma questão que se coloca: qual a razão que leva a que exista uma maioria de heterossexuais relativamente a homossexuais?

Esta questão pode desenvolver-se por 3 prismas: (1) os heterossexuais puros passam os seus genes à geração seguinte enquanto que os homossexuais não o fazem (a não ser por obrigação); (2) como tenho salientado muitas pessoas que se “catalogam” de homossexuais ou heterossexuais, são, na realidade, bissexuais; (3) as pressões sociais, provenientes da formação da sociedade com forte componente religiosa pode fazer pender a balança a favor dos heterossexuais apesar de que este argumento não seja totalitário.

É sabido que quanto maior a repressão religiosa mais forte é o nosso imaginário sexual e com maior intensidade se manifestam os impulsos sexuais por ele gerados. A sociedade, quanto muito, consegue esconder os casos que não lhe convêm.

7 comentários:

  1. Será que existe alguma explicação científica para a homossexualidade?

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  2. Será que existe alguma explicação científica para a homossexualidade?

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  3. Existem uma série de teorias na Sociologia, genética, psicologia, neurologia, etc... mas nenhuma ainda conseguiu dar uma resposta satisfatória. Creio que a resposta a esta questão é multidisciplinar. Muitas ciências terão grandes contributos a dar. Aconselho o meu texto sobre homossexualidade.

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  4. As argumentações dos gatos pingados supostamente gays, do passado grego e dos tais genes que não comprovam nenhuma normalidade estão grassando na internet em favor dos gays, mas o fato é que sem juntar todas elas para criar uma teoria conspiratória não é possível dizer que o homossexualismo nasce de fontes sadias para ser homossexualidade.

    A mesma interpretação subjetiva e entusiasta gay dos fatos se aplica ao sub-homossexualismo: o bissexualismo. A pseudo-ciência diz que existem relações sexuais de cunho bissexual na natureza, mas ela esconde que tais relações existem por motivos maiores, muitas vezes de sobrevivência ou morte.

    Hoje ninguém mais admite o desvio da programação sexual. Agora virou orientação sexual, independentemente da sua natureza. O fato que foge do discurso oficial é homofobia.

    Outro argumento muito comum é jogar a culpa na Igreja...

    O fato é que cedo ou tarde, a ciência terá que explicar de onde surgiu o homossexualismo, e não adiantará muito enrolar a língua e mostrar opiniões sobre os fatos que conhecemos no campo da Neurologia, da Psiquiatria, da Psicologia...

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  5. Teoria conspiratória? não é possível dizer que o homossexualismo nasce de fontes sadias? sub-homossexualismo? desvio da programação sexual? Sinveramente não compreendi nada do seu comentário.
    este artigo até é sobre bissexualidade que você apadrinhou de sub-homossexualismo. escreveu:
    "A pseudo-ciência diz que existem relações sexuais de cunho bissexual na natureza, mas ela esconde que tais relações existem por motivos maiores, muitas vezes de sobrevivência ou morte."
    o que entende por pseudo-ciência? É a biologia que firma isso! relações bissexuais existem na natureza por motivos de força maior (sobrevivência ou morte)? Se possível comentar melhor esta análise que fez da biologia.
    Quanto à culpa da Igreja: julgamos a culpa relativamente ao quê?
    abraço

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  6. Existem, sim, cientistas que oferecem diversas causas plausíveis para a bissexualidade.

    Um deles, o cientista Umberto Veronesi, que é médico e ex-ministro da Saúde da Itália, vem desenvolvendo um trabalho muito importante a respeito do tema.

    Levantamentos de dados comprovam que a exigência cada vez menor de agressividade, por parte dos seres humanos do sexo masculino, somada à exigência cada vez maior de agressividade pelos seres humanos do sexo feminino (fatos decorrentes da vida urbana e do ingresso efetivo da mulher, no mercado de trabalho), têm patrocinado uma mudança marcante na produção de neurotransmissores e hormônios em homens e mulheres. Isto tem justificado a maior atração sexual por iguais, na espécie humana.

    Não há teorias de conspirações. Não há uma conspiração gay internacional (conforme li, outro dia) destinada a justificar opções por desvios comportamentais…

    O Jorge que nos perdoe, mas a ciência tem teimosamente jogado por terra padrões morais religiosos das mais variadas correntes. A utilidade funcional destes valores esvaziou-se e a ciência venceu.

    Eu acredito em Deus, mas desprezo valores religiosos que tentam controlar, dirigir ou reprimir manifestações ou comportamentos humanos que não prejudicam ninguém, apenas pela vaidade de assumir um poder apoiado em valores arcaicos e inoportunos.

    Gostei do espaço e do conteúdo.

    Parabéns!

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  7. Boas Mar Santos.
    Sinceramente acho que o Jorge não tem de nos perdoar nada. O que ele tem a fazer é começar a aprender biologia e evolução.

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