segunda-feira, 3 de março de 2008

O Drama da Humanidade e o cardeal de Lisboa - parte II

Mas o problema do ateísmo está mesmo na ciência e na sociedade laica? É que, felizmente vivemos numa sociedade onde temos liberdade de questionar os dogmas que a Igreja com tanto esforço nos tentou incutir. E acima de tudo, vivemos numa sociedade que nos pode providenciar de conhecimento científico que destrói por completo uma série de verdades esquizofrénicas que a Igreja Católica mantêm. O problema da religião é que é constituída por meia dúzia de indivíduos que se apegam a textos fundamentalistas escritos há alguns milénios e não é capaz de entender o mundo. O problema está numa Igreja que, sistematicamente, tenta adaptar o mundo ao seu discurso retrógrada e que não mostra capacidade de se adaptar à actualidade.



Se reparamos o ateísmo vinga nas sociedades mais desenvolvidas. Nas sociedades onde existe maior respeito pelos direitos humanos. E acima de tudo nos estratos sociais caracterizados por grandes níveis de formação académica. De acordo com muitos dados (comparação de crença entre estratos sócias cultos e incultos, comparação de estados onde a religião é dominante ou não, etc…) o aumento do ateísmo demonstra uma sociedade mais livre, mais rica, mais segura e mais culta. Acima de tudo é característico de uma sociedade capaz de discutir livremente os seus problemas internos e de os resolver mantendo o mínimo de respeito pela dignidade humana.

Mas se o cardeal de Lisboa pretende ter algum mérito, que se deixe de discursos disparatados sobre quem acredita ou não nas suas fantasias pessoais e comece a preocupar-se mais sobre assuntos realmente relevantes como a discriminação contra as mulheres (lembro aqui que as mulheres não podem dar missa e tem um papel ainda submisso dentro da Igreja), a discriminação contra os homossexuais (que a Igreja considera como anti-natura), a defesa dos direitos humanos nos países do 3º mundo (seria bom a Igreja deixar de proteger criminosos de guerra), as vantagens do secularismo humanista contra o terrorismo (aumentar as identidades culturais dos povos em vez de nos mantermos unicamente focados na identidade religiosa pois é aqui que o terrorismo mais ganha força). Se José Policarpo quer um ponto de encontro com a sociedade civil que foque o seu discurso na dignidade humana e não num problema que afecta mais a sua profissão e a sua influência na sociedade do que o mundo como um todo.

Dito isto, deixo aqui umas palavras finais acerca do discurso do Papa, por quem não nutro particular carinho, mas que no seu discurso de natal se lembrou de falar de algumas crises humanitárias e do problema ambiental que tanto nos aflige hoje em dia. Por isso está de parabéns.

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