sábado, 22 de março de 2008

Os poderes sedutores da ciência e a má análise papal

Infelizmente o Papa Bento XVI continua com a sua cruzada pessoal de confrontar a ciência abertamente. Pelas suas últimas afirmações foi possível perceber que ele, no fundo, não compreende a natureza do suposto conflito entre a ciência e a religião.

De acordo com o Papa os avanços científicos relegam a espiritualidade para segundo plano pois são sedutores. O papa ainda não percebeu que o conflito entre ciência e religião nada tem a ver com espiritualidade mas sim com racional versus irracional. O conflito surge quando a religião é ensinada como se fosse ciência e quando faz todo um tipo de afirmações infundadas que violam as leis da natureza, sejam físicas ou biológicas ou outras. A ciência opõe-se a um discurso onde a nossa capacidade de raciocínio e cepticismo é abandonada em prol de crenças que visam beneficiar o poder de acção social de um determinado grupo clerical.



Por outro lado a própria ciência é vista, por quem a pratica ou admira, como um grande fonte de espiritualidade. Muitos são os cientistas que defendem este ponto de vista. E entre tentar compreender o Big Bang, ou outras teorias cientificas, e deixarmo-nos levar pela sua grandiosidade ou preferir o relato do génesis como uma pseudo lição teológica creio que a primeira é preferível. Não consigo compreender em que é que a minha espiritualidade fica relegada para segundo plano por decidir não acreditar em coisas que não aconteceram ou teologias inventadas por fundamentalistas faz não sei quantos séculos.

Se este confronto era muito intenso e fez as suas baixas, em particular no campo céptico (Giordano Bruno e Galileu entre outros), actualmente encontra-se muito atenuado. Na realidade a religião não só não é uma adversária digna do nome como já se transformou num objecto de estudo cientifico. Os neurocientistas procuram compreender as diferenças cerebrais existentes que levam algumas pessoas a acreditar em Deus ou não, os psicólogos estudam a psicologia infantil para tentar compreender como esses processos podem levar uma pessoa a tornar-se um crente, os biólogos evolutivos criam teorias que lhes permita compreender a necessidade de termos religião ou as vantagens evolutivas que esta possa ter dado aos seres humanos. A religião já não é um adversário da ciência é, simplesmente, um objecto de estudo.

A ignorância papal não vem de tentar estimular este confronto. Vem do facto de não saber distinguir quais as lutas que a religião realmente tem de travar. Segundo o papa nós temos de educar as nossas consciências para saber que a ciência não se transformou em critério de bondade. E aqui reside o problema.

Como mencionei acima o confronto ciência versus religião tem a ver com irracional versus irracional. O problema da bondade coloca-se a outro nível, muito particularmente, o confronto entre valores religiosos versus valores humanistas seculares. É evidente que a ciência e a tecnologia tem grande influência nos nossos dias e ajudam a definir alguns dos nossos valores morais. Mas não é a ciência que os dita. Um exemplo claro tem a ver com a masturbação. No início do século XX era colocado ferro em brasa nas vaginas de raparigas que fossem apanhadas a masturbar-se. O acto da masturbação era considerado um pecado que podia levar a várias doenças como a loucura. Mas quando a ciência eliminou as influências de pensamento religioso e começou a estudar seriamente a sexualidade humana observou que a masturbação não é nenhum pecado nem produz problemas graves de saúde. Na realidade o que a ciência mostrou é que o celibato é que é mau para a saúde. Por exemplo é aconselhável aos homens ejacular pelo menos uma vez por semana para manter a próstata em bom funcionamento.

Quando o Papa fala de bondade deve saber que nesse campo a religião também perde o combate. É que não é muito bondoso da parte da religião o ataque sistemático que faz aos homossexuais nem o é a sua conduta relativamente ao uso de preservativo. Os valores religiosos procuram definir a nossa forma de pensar e de agir e não dar-nos bons critérios de analisar a bondade. Muitas das grandes revoluções sociais em termos de justiça social ou de defesa dos direitos das mulheres ou da liberdade de pensar passaram ao lado da Igreja Católica. Neste momento pouca gente, nos países desenvolvidos, dá credibilidade ou direito à Igreja de se meter na sua vida e tentar dominá-la. Temos plenamente documentado na história mais passada ou actual quais os verdadeiros valores de bondade da Igreja Católica.

5 comentários:

  1. Nestes assuntos de religião, v. é no mínimo suspeito, é q ñ sabemos qd está ao serviço do seu cliente... (rsrsrs)
    Sou católico pq fui baptizado (EQQOAOSF), fiz as Comunhões e o Crisma, mas isso ñ me impede de concordar com grande parte do q escreve (embora com aquele temor).
    Eu acho q a Igreja é/era mais romana q apostólica, e mais católica q cristã, mas isso ñ impede q tb ache q tem vindo a reaproximar-se cada vez mais dos valores Cristãos fundamentais. A Igreja é um corpo gigante, tem q avançar devagar sob pena de cair; se caisse as consequências seriam bem mais dramáticas q qq terramoto ou maremoto.

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  2. MereTríssimo Tu, eu sou suspeito mas o neonazi que rege o vaticano não é suspeito? Ora bolas. lololol
    A Igreja nunca se aproximou dos valores cristãos, nem o cristianismo alguma vez teve a ver com valores cristãos devido a um facto muito simples: Cristo nunca fundou nenhuma religião. Ele pretendia dar uma nova dinâmica à religião judaica (a sua religião) e nunca fundar uma nova religião. O seu fundador foi São Paulo. Mas isto é assunto para outros textos. lol
    Em relação à Igreja: para mim é simples: é uma organização criminosa. Tem cometido os piores crimes ao longo da história da humanidade e procura sempre evitar responsabilidades e vitimizar-se perante os fiéis. Mas isto também são assuntos para outros textos. lolol Sobre religião são quase 40 textos. lol
    Ãbraço

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  3. a Igreja nem sempre se aproximou dos valores cristãos, nem o cristianismo sempre teve a ver com valores cristãos devido a um facto muito simples: Jesus, O Christo, nunca fundou nenhuma religião. Ele pretendia dar uma nova dinâmica à religião judaica (a sua religião) e nunca fundar uma nova religião. O seu fundador foi São Paulo.
    --- q tal assim? ---
    ñ se deixe cegar pelo radicalismo c.go

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  4. Já agora uma questão LOL COM ARROTO (isto é à macho!)
    é possível ser-se religiosos, neste caso cristão, sem se deixar cegar pela radicalismo?

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  5. sim é possível evitar-se o religiosismo (!) e o radicalismo; é possível extrair os aspectos positivos da(s) religião(ões) sem dedicar demasiada atenção às práticas dos q dizem segui-la(s); ou então se se quiser comentar essas práticas não esqueçamos as q são meritórias; percebeu? LOL COM ARROTO (aprovado, é à macho)

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