terça-feira, 22 de setembro de 2009

Crónicas do Dom Juan Lusitano: experiências gastronómicas

IMAGEM 1 - E a menina também gosta de beringela?

Nada melhor nas férias, que aproveitar o tempo para engatar gajas à conta dos meus dotes culinários. Um Dom Juan que se preze domina a arte da cozinha e de comer à mesa. De comer à mesa e de a comer à mesa.

Uma vez que tinha muito tempo tempo livre achei que devia passá-lo a diversificar as minhas experiências gastronómicas. Para tal precisei de estudar bem o mercado para saber em que é que devia investir.

O primeiro passo consistiu em procurar preços mais acessíveis nos hipermercados perto de casa. Procurei no Continente e no Pingo Doce que ficavam perto do meu bairro. O primeiro convenceu-me, por várias razões, sendo a mais importante que está cheio de gajas boas. É um excelente terreno de caça. Desde cotas com melões maduros e docinhos até meninas de 16 anos com peitinhos tenrinhos e suculentos.

Só tenho uma queixa a levantar ao Continente. Algumas da empregadas ainda se encontram revestidas pelo seu bigode natural. Epá, comigo, as galinhas só se comem depois de depenadas. E isto não é negociável. Esta história de comer e cuspir a seguir não é para pessoas civilizadas.

Depois de algumas voltas lá consegui engatar uma gaja. A história é sempre a mesma: falar bem do frango do campo, da sua carne mais tenra e saborosa e depois adicionar alguns segredos culinários como o hábito de picar o frango antes de o colocar a marinar em molho de limão para uma experiência gastronómica mais enriquecedora. O que me cozeu a vida é que esta gaja só gostava mesmo de comida biológica. Fiquei amargo. Eu também gosto de grelos mas de vez em quando um homem também precisa de mudar e papar umas febras.

Comecei a procurar aquelas tretas macrobióticas naturalistas. Comprei umas sementes de papoila, quinoa real, sêmola de milho e mais algumas merdas de agricultura biológica. A quinoa até que foi fácil preparar. Depois de cozida decidi dividi-la em dois pratos e temperei a gosto.

No primeiro prato coloquei açúcar (que só podia ser açúcar mascavado!) e no segundo as sementes de papoila. Foda-se que decepção. O primeiro prato sabia às papas que o meu sobrinho come ao pequeno almoço. O segundo prato sabia a merda. Sinceramente sementes de papoila só se vierem do Afeganistão e já refinadas… e não é para se gastar com quinoa real.

Mesmo assim, a vaga lembrança dos presuntos da minha convidada deu-me alento para fritar um pouco mais da minha paciência neste jantar. Cuidadosamente preparei a mesa. Velas, para dar um ambiente mais romântico, assentavam numa bela toalha de mesa de linho e eram ladeadas pelos copos e pratos enfeitados com talheres de prata e forma neo-clássica. Tudo estava a postos quando me lembrei: não tenho guardanapos. E depois daquele trabalho todo acabámos à luz das velas e com um rolo de papel higiénico. Mas o pior ainda estava para vir.

Como um tio da gaja era um alcoólico inveterado, ela não gostava de alcool nem de origem biológica. Como tal para acompanhar a janta comprei um belo pacote de leite de soja e uma garrafa de coca-cola de origem biológica. Foi difícil mas lá consegui encontrar essa porcaria no celeiro.

E não é que depois daquele trabalho todo a gaja nem me fez um bico! Eu bem lhe disse que o meu chouriço era de agricultura biológica mas a gaja respondeu-me:

“sou vegan”.

Eu ainda tentei discutir: “mas isto é chouriço de seitan”.

A gaja retorquiu: “só gosto de tofu. Seitan é muito parecido com carne”.

Em desespero disse-lhe: “esquece o seitan. Enganei-me. Isto é beringela. Não vês como está grosso e rocho?”.

“Não gosto” – disse com ar enjoada.

“pepino?!” – perguntei eu.

“Só se puder cortar a casca”. – respondeu com ar inocente.

“Ora foda-se” – pensei – “quem não me corta a casca és tu”.

Infelizmente a gaja, além de não foder, queria rezar antes de tomar o pequeno almoço às 9 da noite. Eu comecei logo a desconfiar destas católicas vegetarianas. O problema delas não é não gostarem de carne. O problema é que nasceram insonsas e primeiro que salguem… ora foda-se.

5 comentários:

  1. as mudanças de casa feitas à pressa têm destas vantagens, há sempre coisas por desempacotar; e q dizer de mais esta pérola do dom juan lusitano? ñ me ocorre nada de original mas aqui vai um merecido puuuuuuuuuuuuuuuta q pariu !...
    mais uma história de morrer a rir de mais a mais sendo verdadeira como todos sabemos

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  2. As histórias do Dom Juan são verdadeiras do princípio ao fim. hehehehehehehehehe
    Quanto às mudanças da casa, a culpa tem sido minha. Enfim já está quase tudo mudado.

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  3. quase? ainda vêm aí mais monos?! tudo pró sótão, depois vai-se desembrulhando; já se sabe q alguns vão ficar esquecidos

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  4. ainda faltam mais umas 5 ou 6 sátiras. Mas já nems ei se são todas do dom juan. Ao todo ainda faltam publicar 22 textos. Sem contar com os textos sobre livros - que ainda nãos e publicou nenhum - e as anedotas... ui... hehehehe
    abraço

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