domingo, 13 de setembro de 2009

Embutir os sentidos e criar assassinos: o perigo da educação religiosa - parte II

O leitor pode pensar que pelo menos 26% das crianças responderam que desaprovavam completamente estas acções. Afinal nada está perdido. Antes que comece a deitar foguetes com um valor tão baixo sugiro que leia alguns comentários desses alunos.

«Eu penso que Josué não agiu correctamente, porque eles podiam ter poupado os animais para eles.»

«Acho que Josué não agiu bem, ele deveria ter deixado a propriedade de Jericó, se ele não tivesse destruído a propriedade teria pertencido aos israelitas»[i]

Se o leitor ficou estupefacto com o humanismo destas crianças, então leia o seguinte comentário escrito por uma criança de 10 anos.

«Eu acho que não é bom, já que os árabes são impuros e se alguém entra numa terra impura também se tornará impuro e partilhará a sua maldição.»[ii]

O autor deste estudo também concluiu que não existiam diferenças entre rapazes ou raparigas relativamente a esta forma de preconceito religioso.

Um grupo controlo de 168 crianças recebeu o mesmo texto com pequenas alterações. Os nomes bíblicos tinham sido trocados por nomes chineses. Desta feita, o genocida já não se chamaria Josué e sim general Lin. Os resultados não deixam dúvidas:

7% das crianças deram total aprovação, 18% deram aprovação parcial e 75% desaprovaram totalmente o genocídio. Estes dados deveriam chamar a nossa atenção para a capacidade que a religião tem de subverter os valores morais. Também deveria chamar a nossa atenção para os milhões de crianças que todos os dias são expostas a este tipo de ensinamentos.

Curiosamente estes assuntos são tabus e, com vários argumentos, procura-se fechar os olhos aos dados obtidos por este estudo. Desde dizer que são muçulmanos ou judeos e falar deles de forma pejorativa como se fossemos superiores (que é exactamente o comportamento das crianças), desde dizer que é necessário respeitar as escolhas religiosas das pessoas ou chamar-lhes fundamentalistas sem perceber que a base de qualquer religião é também a base do fundamentalismo.

Mais grave é o facto de muitas destas crianças defenderem acções similares por parte das forças militares israelitas. Mas enfim, religião é pacífica e ensina o amor.

NOTAS FINAIS


[i] “I think Joshua did not act well, as they could have spared the animals for themselves.”

“I think Joshua did not act well, as he should have left the property of Jericho; if he had not destroyed the property it would have belonged to the Israelites.”

Textos retirados de http://www.lrainc.com/swtaboo/taboos/ltn01.html.

[ii] "I think it is not good, since the Arabs are impure and if one enters an impure land one will also become impure and share their curse."

Textos retirados de http://www.lrainc.com/swtaboo/taboos/ltn01.html.

2 comentários:

  1. 2009-10-04 18:17:47
    Simplesmente brilhante...é a verdade que muitos se recusam a ver!Um mal caratismo disfarçado de bondade,chamado religião.

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  2. 2009-10-05 17:40:35
    A religião inibe o pensamento crítico o que em si é uma receita fabulosa para se cometerem todo o tipo de atentados.

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