quarta-feira, 16 de junho de 2010

Refutando William Craig - 4º argumento

4º ARGUMENTO

“The historical fact´s concerning the life, death and ressurection of Jesus imply god´s existence”

Para Craig existem uma série de factos acerca da vida de Cristo que provam que Deus existe. Não se compreende muito bem como é que Craig espera usar factos da vida de Jesus para provar que Deus existe quando a própria existência de Jesus está longe de ser um facto.

Jesus apresenta comportamentos muito desajustados ao longo dos evagenlhos, as histórias da sua vida, incluindo a resurreição são copiadas de outras religiões, existiam diferentes versões cristâs iniciais que nunca permitiram compreender bem quem era Jesus ou se realmente teria existido. Mas para Craig estes factos – e são factos – são de somenos importância. Nem se dá ao trabalho de os discutir.

Curiosamente Craig refere que Cristo fazia “milagres e exorcismos” e que a sua resurreição é o milagre divino que prova a existência de Deus. Se Cristo fazia milagres não compreendo a razão que leva Craig a dizer que a sua ressurreição é o milagre que prova a existência de Deus. Qualquer um dos milagres feitos por Cristo seria o suficiente.

Acreditar nos milagres de Cristo significa acreditar no milagre da transformação da água em vinho. No entanto essa história é retirada de outras religiões. Cristo é uma cópia do Deus Sol – existiam várias variantes. Este milagre simboliza – palavra importante – que a luz do Sol com a água das chuvas dá o vinho usado nas festas religiosas. Supostamente isto deve provar a existência de Deus. Fica a questão de saber se prova a existência do Deus cristão ou do Deus da religião, que inicialmente inventou esta história.

Acreditar nos milagres de Cristo significa acreditar em coisas ridículas como ressuscitar um morto que já deveria estar em decomposição ou aceitar como verdadeiros os exorcismos. Ou mesmo a Astrologia. Estes são os “factos” da vida de Cristo e é patético achar que através destas histórias se prova alguma coisa. Mas Craig vive convencido disso mesmo.

Relativamente ao milagre mais importante, Craig afirma:

“Se Jesus ressuscitou então temos um milagre divino em mãos.”

De seguida enumerou 3 factos que provam a ressurreição de Cristo (veja se os consegue ler sem se rir! Isto vai dar-lhe uma ideia da sua capacidade de cepticismo e credulidade!)

1 - o tumulo de Jesus encontrava-se vazio no domingo

2 - ao longo de muito tempo diversas pessoas experienciaram a visão de Jesus após a sua morte (os apóstolos acreditavam que Cristo lhe aparecia)

3 - os seguidores de Cristo vieram a acreditar na ressurreição de Cristo apesar de terem todas as provas em contrário – os seguidores de Cristo estavam dispostos a morrer pela crença que Cristo tinha ressuscitado

Após a exposição destes factos, Craig refere que “não existem explicações naturalistas plausíveis para estes factos” e faz aquilo que faz melhor: arranja uma lógica para meninos do secundário. Desta vez a lógica diz:

1 - existem 3 factos bem estabelecidos acerca de Jesus
2 - a hipótese que deus tenha ressuscitado Cristo dos mortos é a melhor explicação destes factos
3 - o facto de deus ter ressuscitado Cristo indica que o deus de Cristo existe
4 - logo o deus revelado por Cristo existe


Para Craig, sem ser através destes milagres muito dificilmente se explicaria o início do Cristianismo. Não consigo perceber bem porquê: afinal de contas existiram e vieram a existir religiões que tinham os seus milagres. O que torna o Cristianismo mais válido? Mas analisemos os “factos” de Craig.

Em primeiro lugar o túmulo vazio. Craig descarta a hipótese do corpo ter sido roubado por ser pouco credível. Na realidade tanto a hipótese do corpo ter sido roubado como a hipótese de ter sido enterrado e depois alterada a história para dizer que o túmulo estava vazio são muito mais prováveis que defender que o túmulo vazio é uma prova da ressurreição de Cristo. Craig faz um passe de mágica que só é aceitável para crentes pouco (?!) cépticos. Descarta uma hipótese perfeitamente viável, como pouco credível, para depois defender outra hipótese sem qualquer tipo de fundamento e torna-a verdadeira. Com que provas? Nos discursos de fé e lógicas infantis, Craig não precisa de argumentos provas. Basta passes de mágica com lógicas simplistas.

William Lane Craig também se esquece de mencionar que a ressurreição de Cristo não era nada de estranho às religiões da altura. Também na religião egípcia houve deuses que morriam e voltavam à vida – simboliza os ciclos da natureza. O mesmo acontecia com outras religiões. Por exemplo, o deus Átis nasceu dia 25 de Dezembro de uma virgem chamada Nana e morreu numa sexta-feira de Março e ressuscitou 3 dias depois (onde é que eu já li isto?). A ressurreição de Cristo é só mais uma prova das influências de outras religiões no Cristianismo. É um plágio. Mas o que interessa é que o túmulo se encontrava vazio.

O segundo argumento é, como todos os outros, extremamente válido. As pessoas experienciaram Cristo após este morrer. Isto pode ajudar realmente a explicar porque o Cristianismo é hoje uma religião. Se ninguém visse Cristo, ninguém acreditava nele e o Cristianismo não existia. Mas isto não prova que Deus existe. Não existe nenhuma religião cujos crentes não tenham visto os seus deuses. Osíris e Átis também tinham fiéis a dizer que os viam. Os Deuses gregos eram ainda melhores: as mulheres não só os viam como ainda tinham filhos deles. Platão e Alexandre o Grande são 2 exemplos de homens com maternidade feminina e paternidade divina. Pelo menos para quem quer acreditar.

O terceiro facto dificilmente provará alguma coisa. Dificilmente se prova que Cristo não ressuscitou a pessoas que querem acreditar que sim. Quantos milhões de católicos não acreditam no milagre de Fátima? E por existirem pessoas que acreditam em algo não significa que isso seja verdadeiro. As diferentes religiões são um exemplo perfeito do que falo. A subida de Cristo aos céus igualmente: quase todos os católicos acreditam nisso, quase nenhum sabe que essa parte do texto foi “adicionada” na Idade Média.

O desejo de morrer pelas crenças religiosas dificilmente provará alguma coisa. Afinal de contas quantas pessoas não estão dispostas a isso? Poderão os bombistas suicidas, ser uma prova que o Deus de Alá é o Deus verdadeiro? Afinal de contas estão dispostos a morrer por causa disso! Curiosamente Craig nunca menciona outro facto: a vontade que os crentes tem em assassinar outros por não acreditarem na ressurreição de Cristo. Tal como a vontade de morrer, a vontade de matar também deveria servir como prova (historicamente os cristãos mataram mais do que morreram.). Assim William Craig teria 4 provas fantásticas que poderiam fortalecer a sua lógica cuja única conclusão possível é a existência de Deus.

Os 3 factos mencionados por Craig não conseguem provar que Deus existe (nem com a ajuda do meu 4º facto). A não ser para alguém que seja bastante tapadinho das ideias. 1 deles refere que um túmulo estava vazio e os outros dois referem unicamente que os crentes de uma determinada religião acreditam em algo. O acto de acreditar em algo não é prova que seja verdadeiro. Isto parece uma mistura de teologia barata com sociologia pós-moderna. Craig, em determinadas alturas parece uma mistura refinada de Bernardo Mota com Boaventura Sousa Santos.

Convêm, ao leitor lembrar-se que para Craig “não existem explicações naturalistas plausíveis para estes factos.” Não é plausível que o corpo de Cristo tenha sido roubado (hipótese mais provável que ter ressuscitado), não é plausível para Craig que a história tenha sido plagiada de outras religiões (facto), não é plausível para Craig que os factos que ele refere sejam comuns a todas as religiões (facto) e mesmo a crenças fundamentalistas (facto) e que definam unicamente a psicologia do crente (facto). Curiosamente tudo o que eu mencionei são factos. E nem preciso de usar jogos de lógica para deixar o leitor tirar conclusões destes factos.

3 comentários:

  1. Os seus argumentos podem no máximo provar a existência de um Deus não cristão,mas não provam que não possam existir Deuses. E naquela época,o túmulo de Jesus foi guardado por soldados romanos,com uma pedra o protegendo,é bem difícil mover uma pedra grande ( como a que tapava os túmulos ) sem que os soldados romanos de guarda te vissem.

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  2. Evidentemente que os meus argumentos não provam que não existem deuses. Eles só mostram que os argumentos nos quais se baseiam as religiões ( neste caso a cristâ) são errados.
    Mas isso não significa que não existam deuses. E esta frase não significa que obviamente eles existem.
    Quanto ao túmulo de cristo:
    1 - "é bem difícil mover uma pedra grande ( como a que tapava os túmulos ) sem que os soldados romanos de guarda te vissem"
    Partindo do princípio que tal coisa aconteceu mesmo, obviamente! Era prática comum os soldados guardarem os túmulos dos crucificados? Será que isso aconteceu mesmo? Podem os soldados ter sido subornados? Pode toda a história após a morte de Cristo ter sido inventada (efectivamente uma boa parte temos certeza que foi)?
    Estás a assumir que tudo isso é 100% verdade.

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  3. "é bem difícil mover uma pedra grande ( como a que tapava os túmulos ) sem que os soldados romanos de guarda te vissem"

    Remover a pedra sem os romanos ver é inacreditavel, mas ressuscitar dos mortos é muito mais credivel. Logo aqui a tua lógica desmoronasse toda.

    Por outro lado sabemos que de certeza que Jesus existiu, porque senão não havia romanos a guardar a pedra. Ora vez...

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