domingo, 5 de julho de 2009

Diário de um esquecido

Este texto é uma pequena sátira aos meus esquecimentos. Apesar de não ter nenhum diário (actividade que acho muito abichanada. Imagine-se, qualquer dia até decidia escrever num blogue!) os eventos aqui apresentados são verdadeiros. Infelizmente.



Querido diário. O dia começou bem. Não me enganei na hora de levantar. Acordei às 8 e fui ver o que tinha marcado na minha agenda. Agora já tenho uma agenda grande, que guardo sempre no meu quarto, para não a perder. No dia a dia ando com um pequeno bloco. Tenho-o há mais de 1 mês e ainda não o perdi.

Tomei banho, vesti-me e fui para a escola. Estava um frio de rachar e chovia. Ainda me molhei um pouco mas cheguei bem à escola. Depois da primeira aula vi a minha namorada. Ela estava um pouco chateada comigo. Parece que me esqueci que tinha combinado encontrar-me com ela num café do meu bairro. Como me esqueci, apanhei chuva e frio e ela faltou à primeira aula. Pedi-lhe desculpa e ela aceitou. Ela compreende que eu não o fiz por mal.

Depois fui para a segunda aula onde ia fazer a apresentação oral de um trabalho. Faltavam 10 minutos para a aula quando me apercebi que me esquecera do trabalho em casa. Fui a correr perguntar à minha professora se ela tinha o trabalho, que lhe enviara por mail, no computador. Que sorte a minha. Ela tinha mesmo o trabalho. A apresentação do trabalho correu muito bem.

A última aula era um exame. Eu estava preparado para o exame. Comecei a fazer o exame e vi que sabia responder bem a muitas perguntas. Mas a meio do exame apareceram umas perguntas que eu não associava a nenhuma matéria estudada. Que merda. Esqueci-me de estudar 2 capítulos da matéria. Já é o terceiro exame, este ano, em que isso acontece. Apesar de me esquecer de estudar algumas matérias para aquele exame, acho que me correu bem. Consigo passar de certeza.

Depois das aulas despedi-me da minha namorada e fui para casa. Quando cheguei a casa, a minha mãe disse para eu lhe ir comprar grelos para o almoço. Fiz o que ela me pediu de imediato. Mas confundi grelos com agriões. Tive de voltar ao supermercado para lhe comprar os grelos.

O almoço estava uma delícia. Depois do almoço a minha mãe pediu-me para ir ao hipermercado comprar Skip e outros produtos. Tive de levar tudo escrito. Quando lá cheguei ainda tive de ligar porque estava com algumas dúvidas nos produtos que ela queria. Felizmente trouxe tudo certo. A minha mãe ficou muito contente comigo. É muito raro eu conseguir trazer tudo o que ela quer. Da última vez que ela me tinha pedido algo semelhante, foi para ir ao carro buscar as compras. Esqueci-me de trazer os ovos e outros produtos alimentares que se estragaram.

Depois das compras fui ao Colombo. Havia um livro na FNAC que queria comprar. Entrei, peguei no livro e dirigi-me à caixa registadora. Paguei o livro e vi-me embora. De repente o empregado chama-me. Esquecera-me do cartão de débito. Acontece-me quase todos os meses. Felizmente que os senhores chamam-me sempre. Quando estive na China foi pior. No primeiro dia perdi a carteira com o BI, cartões de crédito, tudo. E ainda perdi os travelers cheques de 800 dólares, que felizmente voltei a encontrar. No Hotel onde estava hospedado, pensavam que eu era maluco.

Quando cheguei ao parque de estacionamento do Colombo não encontrava o meu carro. Tinha quase a certeza que o estacionara no piso -2. Ou talvez no piso -1. Não, foi de certeza no piso -2. Fiquei 5 ou 10 minutos a tentar encontrar o carro. Talvez o tenham roubado. Depois lembrei-me que trouxera o carro da minha mãe e não o meu. Estava à procura do carro errado. Afinal até foi fácil encontrar o carro. Entrei com um estranho sentimento de que me esquecera de algo. O que seria? A minha mente não saia da FNAC. Lembrei-me que me tinha esquecido do cartão de crédito. Mas já mo tinham devolvido portanto estava tudo bem.

Cheguei a casa e fiz mais algumas coisas. Neste momento já não me lembra o que fiz durante as horas que passaram. Quando me lembrar logo te informo.

Já no início da noite estava a ler um livro bastante interessante. O título do livro, sem certezas como sempre, era a “última lição de”… Foda-se esqueceu-me o nome do gajo? Agora só me lembra Fermat. Mas não era Fermat… era um físico da segunda metade do século XX. E na realidade o nome do livro nem era “a última lição” mas sim “A lição esquecida de Feynman”. È isso, o nome do gajo é Feynman. Granda maluco. Quando dou conta reparo que os ponteiros já passam da meia noite. Estava tão distraído com a leitura que me esqueceu de ligar à minha namorada. De certo que ela compreende. No fundo já me conhece.

Tinha combinado uma saída com um amigo. Preparo uma roupinha bem bonita, ligo o carro e voei direito às bombas de gasolina. Depois de pagar a gasolina fui até ao bar onde nos tínhamos combinado encontrar.

Quando estava no bar vi uma rapariga muito atraente num dos cantos. Eu conhecia-a mas de onde? Estas situações são sempre incómodas para mim. Quase nunca me lembro das pessoas. Pensei: “se não a conheço e vou falar com ela parece uma situação de engate ultrapassada, se a conheço e não lhe vou falar passo por mal educado.” Sorte a minha que o meu amigo logo me avisou: “aquela é a Soraia Chaves”. Afinal não foi um esquecimento. O problema é que eu só estava habituado a vê-la sem roupa.

Pensei que a noite tinha acabado bem. Sem nenhum esquecimento. Quando entro no carro reparo que o ponteiro da gasolina está na reserva. Afinal sempre me esqueceu de mais alguma coisa.

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